domingo, 27 de fevereiro de 2011

Revoluções no Mundo Árabe: Epidemia da Força Popular

Allan Mahet

A queda de dois regimes ditatoriais no Oriente Médio/Norte da África proporcionou algo pelo qual o povo esclarecido e pensante do mundo aguardava, um exemplo. Um exemplo de movimento popular legítimo bem sucedido e longe de servir como massa de manobra. A confiança na vitória alimentou os anseios da população de diversos países que avançam sobre o poder instituído.
E como dito em postagem anterior, pelo menos mais cinco países passam por levantes populares.

Na Líbia, onde Muammar Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) está há 42 no poder, os protestos que reivindicam a saída do ditador, liberdade de imprensa, diminuição da pobreza e mais empregos estão sendo violentamente reprimidos, resultando em cerca de 1000 mortes até agora. Na Líbia, a pobreza extrema atinge cerca de 7,5% da população e 1/3 dos jovens não possuem condições de entrarem no mercado de trabalho.

O rígido controle do governo sobre a imprensa e a internet tem dificultado o acesso a informações e criado empecilhos à mobilização popular, contudo os sindicatos tem conseguido manter a organização dos movimentos.

Os manifestantes acusam o governo de contratar mercenários estrangeiros para atacar a população desarmada. Franco atiradores, pagos pelo governo, alvejaram diversos manifestantes na cidade de Benghazi e o governo tem se usado de aviões para abrir fogo contra populares.

Muammar Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) está promovendo um genocídio e parece torcer por uma guerra civil na qual possa usar todo seu poder armamentício contra o povo. A posição governamental é de resistir até a última bala. Porém a exemplo do que ocorreu no Egito, mesmo diante dos corpos nas ruas, a população não está recuando. Também já começaram a aparecer alguns rachas nas forças armadas, tanto de alto escalão como simples soldados que podem acelerar a queda do mais antigo ditador do mundo (alguns soldados que se recusaram a atacar a população com bombardeios de caças e pousaram em países vizinhos, outros ejetaram-se e explodiram seus aviões sobre o deserto, mas alguns acabaram fuzilados por desobediência). O ditador bem que tentou minar as forças rebeldes antes mesmo de entrarem em ação. Ocorreram prisões de ativistas, avisos amedrontadores foram dirigidos à população, o trabalho da imprensa foi restringido assim como o acesso à internet, mas sua estratégia não funcionou a contento.

A megalomania e excentricidade do ditador das quarentas guarda-costas virgens, pode transformar o levante na Líbia em uma das mais sangrentas lutas revolucionárias da atualidade. Contudo sua queda já e tida como inevitável. Com 'desertores' de todos os lados, de diplomatas e ministros à militares, o ditador vai se isolando, a última gota de sangue que o mesmo citou, pode assim, estar próxima de cair.

Sua trajetória nessas quatro décadas não e de fácil leitura. O golpe que lhe colocou no poder deu fim à monarquia até então vigente. Logo de início Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) exigiu a retirada das bases militares norte-americanas e inglesas do país o que lhe conferiu bastante prestígio junto à esquerda mundial. Também proporcionou maior participação às mulheres na sociedade e mais tarde institui os comitês populares. Já esteve ao lado dos palestinos e depois os expulsou do país. Já comprou briga com Ronald Regan, mas se aproximou de Bush posteriormente. Apoiou movimentos de resistência contra o imperialismo ocidental, mas defendeu os Estados Unidos na guerra ‘contra terror’ e o eixo de mal e agora afirma que está sendo atacado por esse mesmo imperialismo ocidental. Esse mesmo Estados Unidos, hoje, lidera a campanha contra o líder líbio, defendendo sanções contra o país, que irão marginalizar ainda mais a sofrida população da Líbia. 

Sua extravagância talvez só não seja maior que seus óculos. Com modelitos que parecem terem sido feitos pela filha do Dunga (segundo macaco Simao da Band News), Muammar Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) é uma figura bizarra talvez só comparada à Idi Amin Dada que comandou Uganda com braço de ferro e loucas ideias entre 1971 e 1979. Alguns analistas defendem a ideia de que a sustentação de Khadafi (Gadhafi, Kadafi, etc.) durante tanto tempo deveu-se em parte por ter sido protegido do ex-presidente egípcio, Gamal Abdul Nasser o que lhe conferiu certa ‘áurea’ protetora.

Já visto como esperança revolucionária, hoje, diante da esagnação, conservadorismo e estreitamento com os interesses imperialistas ocidentais , que seu governo atingiu, Muammar só tem um destino, a história.

Marrocos
Diferentes grupos, entre eles o Movimento por Mudanças 20 de Fevereiro, em pontos distintos das cidades de Marrakesh, Tanger, Casablanca e Rabat a capital, gritam contra a deterioração dos serviços públicos, o aumento de preços, corrupção e por mais justiça e trabalho.
Apesar de as manifestações não atingirem o nível dos demais países próximos em termos de organização e potencial, o governo, de sobreaviso, expôs que nutria preocupação de que deslizes da população poderiam resultar na perda do que até agora foi conquistado em termos de desenvolvimento econômico. Ao contrário dos demais movimentos, não há no Marrocos a intenção pela queda do governante máximo, o Rei Mohammed VI, muito devido a condição econômica superior aos seus vizinhos e enxergarem que mudanças devem ser realizadas, porém com certa dose de parcimônia.

Argélia
Convocadas pela Coordenação Nacional para a Mudança e a Democracia - CNCD, cerca de três mil pessoas furaram o bloqueio policial e chegaram à Praça do Primeiro de Maio e em coro bradaram lemas contra o governo de Abdelaziz Buteflika. Quase mil policiais foram encaminhados ao local para reprimir o movimento. Em Argel, capital do país, manifestações são proibidas desde 2001. A CNCD é uma organização que congrega diversos partidos, representantes da sociedade civil e sindicatos que foi fundada em Janeiro a reboque das manifestações ocorridas no pais que resultaram em 5 mortos e 800 feridos. A primeira vitória do movimento foi o levantamento do estado de emergência que vigorava no país há 19 anos e foi responsável pela morte de mais de 150 mil pessoas.

Bahein
No Bahein as manifestações tem se concentrado na Praça Pérola e reivindicam a renúncia do gabinete de governo e libertação de prisioneiros políticos. O príncipe Salman Bem Hamad al Khalifa, incumbido pelo pai, o rei Hamad bin Isa al Khalifa, para estabelecer a negociação, tenta uma saída amigável, mas a maioria xiita (a família real é sunita) não enxerga alternativa a não ser as reformas que se reflitam em avanços para toda a população e em especial aos marginalizados xiitas.

Iemem
No Iemem a luta do povo é contra o governo de Ali Abdullah Saleh. A oposição parlamentar se uniu aos manifestantes que ocuparam a frente da Universidade de Sanaa. Neste dia 23 de Fevereiro foi a vez de sete parlamentares do partido do governo abandonarem Saleh em protesto contra a violência imposta aos manifestantes que matam ao menos duas pessoas por dia. Há 32 anos no poder Saleh já sinalizou que não concorrerá nas próximas eleições em 2013 e nem repassará seu poder ao filho. Uma coalizão de partidos da oposição aceitou essa posição como uma oferta de diálogo. Porém os protestos seguem.


Para saber mais:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/juan-cole-um-balanco-da-revolucao-popular.html


http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/nyrb-o-1789-do-mundo-arabe.html


http://www.pstu.org.br/


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=148519&id_secao=9


http://www.granma.cu/espanol/internacional/26sab-Levantamientos.html


Um comentário:

  1. Está mais que na hora dos trabalhadores do mundo inteiro, se inspirarem nestes processos para lutarmos contra a maioro ditadura existente, uma que oprime mais de 90% da população mundial e deixa abaixo da linha da miséria e pobreza, pelo menos 30% desta mesma população, basta tomamrmos como parâmetro os 2 países mais populosos (India e China) e o Continente Africano... isso pra ser razoável...
    Lutemos contra a Ditarura do Capital!
    O capitalismo mata! Matemos-o, primeiro!

    Tenha em vista sempre a revolução socialista, um dia ela será inevitável!

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