segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não Existe Mais Asterisco. Mas o Preço pode ser Alto.

Acabou. A ignóbil torcida arco íris, que alimentava a injustiça há anos propagada não possui mais argumentos e terão de engolir o maldito asterisco colocado ao lado do ano de 1987 toda vez que citavam os 6 títulos do Flamengo. 


O único problema é que custo essa vitória poderá ter. 


Logicamente não foi baseado em nenhum estudo bem detalhado entregue pelo Flamengo que o senhor Ricardo Teixeira decidiu reconhecer o título que o Mengão ganhou em campo. 


Assim como, não foi por causa de uma análise jurídica que ele mandou (a entrega foi realizada pela Caixa baseando-se em documentos da CBF) a Taça das Bolinhas para o São Paulo. 


O reconhecimento da CBF nesta Segunda apenas ilustra em que mãos encontra-se o nosso futebol. Se não ocorreram fatos novos ao longo desses anos, quer dizer que esta decisão poderia ter sido tomada desde sempre. Se ela não o foi é porque algum interesse existia. E este interesse é o mesmo de hoje: o poder.


Tudo não passa de uma jogada política na qual a CBF pretende esgarçar a relação entre São Paulo e Flamengo, líderes da oposição ao senhor Ricardo. E ao que tudo indica, parece ter atingido seu objetivo. No momento em que Juvenal Juvêncio aceitou a provocação da CBF e recebeu a Taça das Bolinhas contrariando sua própria decisão em 87, criou um clima nada amistoso com o Flamengo. E agora o rubro negro em seu direito, como primeiro Penta Campeão Brasileiro, exigirá sua Taça e colocará mais lenha na fogueira. 


De sua confortável cadeira, Ricardo Teixeira só tem a comemorar. Em em curto período de tempo ele conseguiu presentear membros da oposição com a unificação (dos pseudo campeonatos brasileiros de 59 à 70) e rachar o Clube dos Treze colocando Flamengo e São Paulo em rota de colisão. Já existe inclusive a possibilidade de o Flamengo sair do C13, assim como o Corinthians, ambos por questões relativas a cotas de TV, e claro, alimentado pelos últimos acontecimentos. 


Como bem lembrado pelo meu amigo, vascaíno, Marcelo Monção no facebook, o procesesso de sedução do Flamengo e Corinthians para fundarem o Ciube dos 7, vislumbra a permanência do domínio da Globo. A decisão da justiça de que a emissora carioca não deverá pussuir privilégios na 'licitação' para a transmissão dos próximos três anos do Campeonato Brasileiro ao que parece, afeta aos interesses de Ricardo Teixeira que a todo custo pretende enfraquecer Fabio Koff e sua gestão no C13. 


A maniplução por traz desse título durante todos esses anos atinge seu resultado prático. O Flamengo deixa a oposição a Ricardo, larga o C13 junto o outro gigante do futebol brasileiro, fundam um liga que irá negociar os acordos comerciais com a Globo e enfraquecem justamente a entidade que organizou aquele campeonato de 87.


Ricardo Teixeira possui um projeto de perpetuação no poder, assim como os ditadores do Oriente Médio mas diferente de lá, aqui parece que o manda chuva conseguiu enfraquecer a oposição e sair vitorioso.


Veja aqui a resolução da CBF reconhecendo o título do Flamengo.


Transcrevo aqui um ótimo texto de Gustavo de Almeida que peguei no blog Eclipse.


Ele consegue expor fatos históricos inquestionáveis para acabar com a falácia do não reconhecer o título de 87 do Flamengo.


"Admito que sou contra qualquer discussão sobre o incontestável (pelo menos para seres humanos de bom senso e não para doidos varridos ou gente desonesta) título rubro-negro de 1987, conquistado em vitórias épicas sobre esquadrões como o Atlético Mineiro e o Internacional de Porto Alegre. (...)


Os torcedores mais novos conseguem acreditar realmente que a CBF é uma instituição tão proba e honesta quanto um convento de irmãs carmelitas descalças, por isso repetem a ladainha de que o Mengão é (só) penta como se fosse isto um mantra que lhes trouxesse paz, glória e tranqüilidade.


Eu decidi que, de agora em diante, tratarei como pessoa desonesta e sem escrúpulos todo aquele que não reconhece o HEXA Rubro-Negro como legítimo. Quem tiver este comportamento, para mim, é igual a quem apóie a pizza do Renan, o Mensalão do Lula, os anões do Orçamento e o esquema PC Farias.


Para entender melhor o motivo de tanta veemência, um pouco de história: em 1987, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), recém-criada da antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD), vivia grave crise financeira e um monumental descrédito. O campeonato do ano anterior tinha repetido os tempos da Arena (“Onde a Arena vai mal, um time no Nacional/Onde a Arena vai bem, outro time também”). Exatos 44 clubes haviam disputado o campeonato, que terminou com a justa vitória são-paulina. Mas o prejuízo amargado pela CBF ameaçava até mesmo a realização do certame de 1987.


Por causa disto, os treze maiores clubes do Brasil, liderados pelo sr. Carlos Miguel Aidar – então presidente do São Paulo – fecharam um patrocínio com a TV Globo e convidaram mais três clubes para formar um campeonato com 16 clubes. A CBF concordou com tudo. O campeonato começou já com grandes rendas, muito emocionante, com todos jogando contra todos e não divididos em grupos, sorteados de forma que um time grande jogava contra o Arapiraca e outro jogava contra um time grande.


Diante do sucesso iminente do campeonato, se irritaram os srs. Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid (nota: pessoas que inspiram VOCÊ, que ataca o título rubro-negro), que se mantinham anos no poder na CBF graças à estratégia (até hoje usada em algumas federações) de se apoiar em clubes pequenos. Tudo que Otávio e Nabi NÃO queriam era a autonomia dos grandes clubes que, com sua popularidade, não precisavam da CBF para organizar campeonato – como acontece na Europa, onde, por exemplo, a Premier League inglesa não é a mesma entidade que gere a seleção nacional.
Diante da oposição da dupla, os clubes grandes criaram o Clube dos Treze e impuseram a criação de um campeonato com menos clubes. Se realizaram dois campeonatos paralelos, o Módulo Verde, do Clube dos Treze, com 16 clubes, e o Módulo Amarelo, organizado pela CBF com 15 clubes que haviam sido excluído do Clube dos 13. O módulo verde era a Copa União.


Quando já haviam sido jogadas cinco rodadas, a CBF impôs o cruzamento dos dois módulos, uma virada de mesa, um golpe que quem apóia só pode ser gente de má-fé. O vencedor do quadrangular, anunciou a CBF, seria o campeão brasileiro. Os dirigentes de TODOS os clubes que disputavam a Copa União recusaram-se a cumprir a determinação, mesmo porque a competição não era organizada pela entidade. Quando houve essa recusa geral dos 13, ainda não se sabia quem estava mais perto de ganhar. A Copa União – como foi batizada - começou em setembro, e seguiu normalmente até dezembro, assim como o tal campeonato promovido pela CBF.









A final da Copa União, como se sabe, foi disputada entre Flamengo e Internacional, vencida por 1 a 0 no Maracanã (no primeiro jogo o Mengão empatou em 1 a 1). No mesmo dia em que Flamengo x Inter jogavam diante de mais de 100 mil pessoas no Maracanã, Sport e Guarani decidiam o título do inexpressivo Módulo Amarelo.


No primeiro jogo, realizado em Campinas em 6 de dezembro de 1987, o Guarani venceu por 2 a 0. No jogo de volta, dia 13, em Recife, o Sport devolveu o placar.


A prorrogação terminou em 0 a 0. Os dois clubes partiram para a decisão por pênaltis. Acabou em 11 a 11. Ninguém no resto do país, enquanto isso, tomava conhecimento dessa estranha e bizarra cerimônia. No Rio, se estampava uma paisagem vermelha e preta para todo o mundo com a alegria de Zico, Júnior, Leonardo, Aldair, Zinho, Renato Gaúcho e Bebeto.


Ninguém no país inteiro viu que os presidentes do Sport, Homero Lacerda, e do Guarani, Leonel Martins de Oliveira, entraram em campo e acordaram em dividir o título. Cansados de ver aquela patética decisão por pênaltis, apertaram as mãos e disseram ao árbitro maranhense Josenildo Santos que iriam dividir o título. E o jogo foi encerrado.


Só que em 21 de janeiro de 1988, o presidente do Conselho Nacional de Desportos, Manoel Tubino, veio a público afirmar que era o Flamengo, e não a dupla Sport-Guarani, o VERDADEIRO campeão brasileiro de 1987. A afirmação de Tubino contrariou a dupla que comandava a CBF, formada por Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid.


A zona se instaurou de vez quando, na hora de organizar o tal quadrangular bizarro, a própria CBF se embananou: quem é o vice do módulo amarelo, se Sport e Guarani dividiram o título? Quem vai pegar o Flamengo? Sim, a verdade é esta: o CRUZAMENTO, SE HOUVESSE, DEVERIA SER ENTRE O FLAMENGO E O VICE DO AMARELO, E NÃO EXATAMENTE CONTRA O SPORT.








Surgiu a proposta de Bangu e Atlético-PR, eliminados respectivamente por Sport e Guarani nas semifinais, participarem do torneio, que viraria assim um hexagonal. Não aconteceu. Sport e Guarani então fingiam que cumpriam a tabela e chegaram à decisão do que a CBF chamava de Campeonato Brasileiro. O primeiro jogo, em Campinas, no dia 31 de janeiro de 1988, acabou 1 a 1. O segundo, em 7 de fevereiro, em Recife, o 1 a 0 para o Sport. E a entidade o proclamou campeão. Quando gente da laia de Emerson Leão, diz, por exemplo, que “o Flamengo fugiu do Sport”, além de estar delirando, não conhece a História: o Flamengo não deveria enfrentar o campeão após a decisão, e sim o vice do módulo amarelo, que nunca existiu.


Isto considerando que o cruzamento era uma jogada imunda de Nabi e Otávio.


O minimamente correto nesta decisão estapafúrdia seria que o Atlético-PR e o Bangu decidissem quem era o vice e, um deles, ostentando tal condição, participasse da decisão. O jornalista Roberto Assaf, muito criteriosamente, lembra que ninguém defende o título que o Vila Nova de Minas levantou ao ganhar a Segunda Divisão de 1971, no primeiro ano em que a CBF tornou o Brasileiro oficial. O Vila ganhou o campeonato e foi sumariamente excluído da Primeira Divisão em 1972.


É verdadeiramente inacreditável como pessoas de razoável bom senso e pretensamente honestas podem apoiar uma barbaridade destas como se houvesse algo minimamente regular, legal, legalizado. Um cruzamento sem vices (aliás, talvez daí a implicância dos vascaínos, deveriam ser convocados para tal papel), um cruzamento decidido na quinta rodada com o campeonato em andamento, um regulamento assinado por todos, e MESMO ASSIM se diz que a CBF é quem decide tudo.


O papel dos torcedores do Sport é semelhante ao de alguém que cava uma vaguinha no serviço público sem concurso. Dizem que são campeões brasileiros de um ano em que não enfrentaram NENHUMA das grandes equipes do futebol brasileiro – o Vasco de Tita e Dinamite campeão estadual, o próprio São Paulo, o Santos, o Atlético Mineiro, o Fluminense, o Botafogo. Tal afirmação de que o campeão é o Sport DESONRA TODOS OS OUTROS CLUBES. “Como um time que não nos enfrentou pode se proclamar campeão?”, deveriam perguntar todos. É, talvez, a pior forma do jeitinho brasileiro, de conquistar sem fazer força, na canetada, o que os outros suam para conseguir. E tal mentalidade é propagada graças a uma manobra repugnante de seres lamentáveis que administravam a CBF – esta mesma CBF que hoje diz que “uma CPI do Futebol atrapalharia a Copa no Brasil”.




Para saber mais:


http://globoesporte.globo.com/platb/esportelegal/2011/02/21/cbf-muda-novamente-de-opiniao-fla-e-declarado-hexa/

http://globoesporte.globo.com/platb/ilanhouse/2011/02/21/fla-hexacampeao-antes-tarde/


http://www.ricaperrone.com.br/2011/02/9477/

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