terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010 - O Ano da Argentina

Não foi somente no cinema com 'O Segredo dos Seus Olhos' e no esporte com Messi e Conca que a Argentina deu um banho no Brasil neste ano de 2010. Na justiça (política) o saldo dos hermanos também foi positivo.

Nesta última semana a justiça argentina condenou o ex-presidente e ditador Jorge Rafael Videla de 84 anos a prisão perpétua (na cadeia mesmo e não em prisão domiciliar) por crime de lesa humanidade.

Videla comandou a ditadura entre os anos de 76 a 81 e defendeu-se argumentando de que se vivia uma guerra justa.

Não foi a única pena a criminosos da época dos governos militares. Um alto nome da ditadura portenha também teve pena semelhante, Luciano Menendez, ‘La Hiena’ que participou do governo militar entre 76 e 83. Na verdade foi sua quinta condenação à prisão perpétua.

Em 2010 também foram condenados ex-chefe da inteligência policial de Tucumán, Roberto Albornoz, “El tuerto”, prisão perpétua e os ex-policiais Luis e Carlos de Cándido que receberam 18 e 3 anos, respectivamente

Enquanto nossos hermanos fazem justiça nos ainda levamos a vida e a história na flauta. Argumentos de que não devemos ressuscitar fantasmas e que não podemos passar por cima da lei da anistia, nos impedem de fazer valer a humanidade sobre os crimes cometidos por ignóbeis governos, que promoveram sangrenta perseguição aos que ousaram levantar suas vozes contra o totalitarismo e jogaram o país em anos de atraso sob uma falsa ideia de segurança e de ausência de corrupção governamental.

Nos gabamos de um potencial produtivo digno das maiores potências mundiais e a perspectiva de um futuro desenvolvimentista mas sequer conseguimos acertas as contas com o nosso recente passado.

O PNDH - Programa Nacional de Direitos Humanos pretendia propor esse acerto, mas criticado duramente por parlamentares de direita e pela imprensa burguesa acabou destinado a revisões que muito provavelmente irão descaracterizar seu potencial progressista no atendimento aos anseios dos conservadores e golpistas de outrora.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal !!!

Um divertido Áudio ! Um Belo Vídeo !! E uma Mensagem (Velha), mas Bacana !!!






Então é Natal...

Mais um Natal se aproxima, tudo bem, sabemos que Jesus não nasceu no dia 25 de Dezembro, aliás é uma das poucas certezas que temos sobre seus primeiros anos de vida,mas aceitemos as convenções
de uma ótima estratégia de  um antigo rei.
 Na verdade pouco importa a data, o que há de belo e relevante é o que esta representa,
os sentimentos que ela revela.

Ou será que você nunca percebeu?! Tudo parece se harmonizar, se alegrar...A mais carrancuda das pessoas abre um sorriso, nem que seja de canto de boca, as almas ficam mais caridosas
(um prato cheio para as campanhas disso e daquilo), tudo isso num espaço de tempo relativamente curto que compreende o início das primeiras mensagens de televisão e terminam em menos de um mês, no almoço do dia 25.
 
Deve ser o tal espírito do Natal. Qual outra coisa poderia explicar que pessoas que nunca se viram cumprimentassem calorosamente, você brincar com aquele seu primo pentelho e abraçar seu tio chato, que teimam em invadir sua casa em datas como esta, ou quem sabe até os mais exaltados saírem com gorros vermelhos cantando aquelas músicas que aprendemos ouvindo os LP's da vovó,
que saem do armário para ressuscitar a velha e empoeirada vitrola do papai.
"Jingle Bells" e "Pinheirinhos" soam por toda a casa que há essa hora já cheira à rabanada.

Até o mercado, aquele ao qual erguemos nossos ódios socialistas, fica mais bonito (não quer dizer melhor). Vitrines enfeitadas, lusinhas, parcelas à perder de vista, lusinhas, neve em pleno Verão, e caso tenha esquecido: lusinhas.

Muito mais claro que as lusinhas (caso não tenha falado nelas) é a intenção disso tudo: derreter seu suado 13o ;
talvez seja este um dos motivos de ser (o Natal) em Dezembro. Impossível não ficar, às vezes, boquiabertos,
 com as decorações dos shoppings, e enquanto isso, o seu (o nosso) parco salário se esvai pelo bolso a fora.

Mas como diria o bisonho participante de um programa sensacionalista:"faz parte".
Até se vestir com uma grossa roupa verde, gorro, bota, luva, nos típicos 40o da época.
 Aposto que você estranhou o fato de eu ter citado a cor verde. Pois é, antes de 1933 esta era a cor predominante da vestimenta do bom velhinho, e se você tiver tempo e dinheiro o bastante pode ir até a Lapônia pra conferir,
lá o "pseudo-Santa Claus" da multinacional de refrigerante não faz o menor sucesso.

Voltando ao espírito de Natal, chega a ser emocionante ver, até para menos atuante dos cristãos, lembrar as palavras de um outro bom velhinho, este nascido na Polônia e que recentemente foi juntar-se ao Aniversariante.  
Palavras, de paz, harmonia, alegria, felicidade e amor.

E é justamente com o aproximar dos ponteiros do relógio do número 12, que todos aqueles sentimentos explicitados durante todo este texto se tornam mais fortes, intensos e num brinde em que desejo e espero se perpetuar ainda mais fortificados, por toda essa esfera a que chamamos de lar, em apenas duas sinceras palavras:
                                                           Feliz Natal

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Noam Chomsky: As 10 estratégias de manipulação midiática


O professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachussetts, Noam Chomsky, elaborou uma lista das "10 Estratégias de Manipulação" através da mídia. 


O Site Vermelho publicou o texto abaixo, traduzido por Adital e encaminhado a mim pelo companheiro Wagner Castro. 

10 Estratégias de Manipulação
Por Noam Chomsky


A estratégia da distração. 

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

Criar problemas e depois oferecer soluções

Esse método também é denominado "problema-ração-solução". Cria-se um problema, uma "situação" previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

A estratégia da gradualidade 

Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

A estratégia de diferir

Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como "dolorosa e desnecessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade 

A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais.

Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos...

Manter o público na ignorância e na mediocridade

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

Estimular o público a ser complacente com a mediocridade 
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

Reforçar a autoculpabilidade 

Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Fonte: Argenpress, reproduzido por Adital

domingo, 21 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é outro.




Caveirão 2 - O retorno.


Em minha crítica do filme 'O Segredo de Seus Olhos' escrevi que que o cinema argentino se consolidava entre público e críticas internacionais por ser mais maduro e não ficar restrito a caveirões e tiros e se propor a aprofundar-se.


Eis que a continuação do apenas bom (mas vazio) 'Tropa de Elite' apresenta uma perspectiva interessante ao cinema brasileiro e se não chega a alterar minha concepção sobre o cinema nacional, pelo menos me deixa bastante animado.


Enquanto o primeiro filme apela para as cenas de violência, desperdiça o potencial crítico da película em uma discussão muito rasa sobre o financiamento (real) do tráfico pela classe média e explora muito pouco o íntimo de cada personagem. Sua continuação aumenta a carga dramática, melhora as cenas de ação, aprofunda as relações humanas e propõe uma discussão política mais ampla e sustentável do que no primeiro. Neste segundo filme o diretor consegue transferir o problema da esfera da violência para o meio político.


No primeiro filme, Capitão Nascimento sobe a favela para limpar a sujeira que os playboizinhos fazem. Neste segundo ele se pergunta a quem realmente a seu trabalho favorece e a quais interesses ele está servindo. Essa dúvida não vai apenas pairar sobre a cabeça do personagem mas de todos (ou pelo menos assim deveria) que veem o filme.


A boa montagem favorece que o desenrolar do fatos se descortinem ao público de modo fácil e ágil não deixando a história ficar chata. Muito pelo contrário, o ritmo do filme se mantém tenso do inicio ao fim. O encadeamento dos acontecimentos e o modo como perpassam o lado pessoal do Capitão Nascimento seguram eficientemente a atenção do público. Um grande mérito da película é que através desta história consegue levar a compreensão dos espectadores todo o esquema que hoje desencadeia na divisão da cidade em áreas dominadas por tráfico e áreas dominadas por milícia e o quanto as últimas podem ser mais nefastas do que os primeiros.


O filme começa com um, ainda, Capitão Nascimento crendo que seu trabalho estaria minando o sistema e que diante da 'adversidade' de 'cair para cima' ao ser retirado do comando do BOPE e ser levado para a Secretaria de Estado de Segurança, poderia fazer muito mais em pró de seu plano, fortalecendo o Batalhão e o tornando, como dito no próprio filme, em uma máquina de guerra.


Aos poucos ele vai percebendo que as investidas contra os 'marginais' são na verdade parte de um plano em maior que envolve a garantia de votos pelo controle de regiões antes dominadas pelo tráfico e que agora serão entregues aos grupos armados conhecidos como milícia (que em seu início eram chamados de mineira).


Sua credulidade cai totalmente por terra quando dois fatos importantes atingem em cheio a sua vida e a partir dai ele trava uma batalha pessoal para "foder o sistema". E como 'missão dada é missão cumprida', Capitão Nascimento parte com tudo pra cima dos corruptos.


Apesar de no começo do filme o diretor exagerar em falar que o BOPE consegui desarticular o tráfico do Rio e que o nascimento das milícias se deve substancialmente ao trabalho do Batalhão, quase tudo no filme beira mais à realidade do que a ficção, diferente do que sugere a mensagem inicial do filme. São diversas as passagens em que a realidade do Rio é transmitida para a tela grande sem maquiagem alguma, como por exemplo quando um miliciano assassina uma pessoa sem nem abrir a porta do carro ou quando o BOPE mata quase todo o bando de traficantes do Tanque ou mesmo nos depoimentos que mudavam da noite para o dia sob pressão da milícia. 


Também não é ficção a vista grossa e apoio oferecido por governantes às milícias em troca de votos e publicidade sob uma suposta paz nessas comunidades. Esta aparente boa ação que as milícias vieram a realizar, é desfeita a todo momento nos quais são revelados as estratégias e ações criminosas promovidas pelo grupo criminoso. Outro momento em que a realidade anda lado a lado com a 'ficção' é mostrando a consequencia  da CPI da Milícias que protagonizou prisões de políticos, policiais e implicou em grande número de mortes de supostos envolvidos em todo o esquema. 


O termo máfia usado pelo personagem Fraga no filme cai como uma luva e assim como o similar europeu, o esquema aqui se rearticula e sobrevive sob as adversidades momentâneas, afinal o que interessa no final é dinheiro, poder e votos, e em entorno destes os mais diversos grupos sempre chegam a denominador comum. 


A primorosa sequencia final do filme é um soco no estômago da classe média, dos playboys e da burguesia, que no primeiro filme aplaudiam quando os caveiras usavam 'o saco' nos marginais das favelas. As palavras de Capitão Nascimento soam como uma estrofe de uma música de Renato Russo onde destila verdades insólitas e uma quase desesperança de que algo possa dar certo nesse pedaço de terra que chamamos de lar. Também merece destaque a cena em que Nascimento 'desce' a porrada em um político corrupto.  Depois dela ficamos com uma agradável sensação de alma lavada. Quantos não queriam estar no lugar do Capitão e a fila de políticos seria grande.


Alguns me perguntam o porque do filme não ter dado nenhum problema até agora, pelas inúmeras verdades que filme joga no ar? Eu respondo que primeiro porque a classe política não tem medo da nossa população, pois sabe que o poder de articulação e de congregação entorno de interesses comuns é mínimo. Mérito de nosso sistema capitalista que dignifica a busca individual pelo sucesso em detrimento ao bem público, geral, coletivo. Segundo porque as pessoas que tem o poder de mudar alguma coisa, cujo poder de barganha política é realmente substanciai, se não está envolvida neste esquema, sai do cinema e vai tomar um chop na esquina e retorna ao seu mundo de condomínios fechados, colégios particulares, academias e de TV a cabo (a de verdade) e não a 'gatonet' do filme.  


É... não é apenas o sistema que é foda. As pessoas também o são.










Ficha Técnica
Direção: José Padilha
Roteiro: José Padilha e Bráulio Mantovani
Argumento: José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel
Produção: José Padilha e Marcos Prado
Produção Executiva: James D'Arcy e Leonardo Edde
Direção de Fotografia e Câmera: Lula Carvalho
Direção de Arte: Tiago Marques Teixeira
Figurino: Claudia Kopke
Maquiagem: Martin Macías Trujillo
Efeitos Especiais: Bruno Van Zeebroeck, Keith Woulard, Rene Diamante e William Boggs
Som direto: Leandro Lima
Montagem: Daniel Rezende
Edição de som: Alessandro Laroca
Mixagem: Armando Torres Jr.
Trilha sonora: Pedro Bromfman
Site Oficial: tropa2.com.br

Elenco
Wagner Moura - Nascimento
Irandhir Santos - Fraga
André Ramiro - Mathias
Pedro Van Held - Rafael
Maria Ribeiro - Rosane
Sandro Rocha - Russo
Milhem Cortaz - Fábio
Tainá Müller - Clara
Seu Jorge - Beirada
André Mattos - Fortunato
Fabrício Boliveira - Marreco
Emílio Orcillo Netto - Valmir
Jovem Cerebral - Braço

Bruno D´Elia - Azevedo


Nota: 9,5

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Blu-ray: A Mídia Azul da Alta Definição

Não faz tanto tempo assim que precisávamos rebobinar as fitas antes de devolve-las às locadoras. Nos preocupávamos com quantas cabeças tinha o nosso vídeo cassete e se elas eram auto limpantes. Com a chegada do DVD em 1997 estes e outros 'problemas' foram resolvidos. Rapidamente aceita pelos consumidores, face principalmente, ao valor decrescente de seu player, o DVD ocupou o espaço do VHS com muito mais definição de imagem e som em um disco com grande capacidade de armazenamento, durabilidade e ocupando menos espaço.

Contudo o reinado do DVD está caindo e quem está tomando o seu lugar é um outro disquinho com praticamente o mesmo tamanho mas com mais de 6 vezes mais capacidade de armazenamento, o Blu-ray Disc com espaço para até 50Gb (DVD de dupla camada tem pouco mais de 8Gb). Com todo esse espaço o Blu-ray pode suportar imagens e sons superiores aos do DVD e esta diferença é claramente perceptível para todos e não apenas para técnicos. Os DVDs de hoje reproduzem imagens com 720 X 480 pixels (pontos de luz). O Blu-ray pode exibir imagens com resolução de 1920 X 1080 pixels, em widescreen. O som é outra área bem explorada, podendo suportar até oito canais de audio sem compressão (7.1). Para facilitar a comparação: O DVD é como você estivesse a frente de uma TV analógica com uma antena convencional e o Blu-ray é como vocês estivesse vendo uma imagem em HD por um sinal de TV digital em uma TV de LCD, Led* ou Plasma. Além disso o novo disco proporciona muito maior possibilidade de interatividade pelo BD-Live, sistema que possibilita acessar conteúdos exclusivos através do player conectado à internet. Também é possível  comportar mais extras. Uma coisa importante que deve ser lembrada é que para desfrutar de toda a alta definição do Blu-ray é necessário uma TV à altura, ou seja, Full HD, uma que as TVs normais (de tubo) exibem um máximo de 480 pixels verticais. As TVs HD exibem imagens em 720 x 480.





Hoje, para desfrutar de tudo essa inovação, ainda tem de ser desembolsado uma grande quantia de dinheiro, pois as TVs Full HD, apesar de baixarem de preços constantemente, não saem por menos de R$ 1.700,00 (32") e os players de entrada** estão por volta de R$500,00. A mídia também tem um preço salgado: entre R$30,00 à R$80,00, mas sua locação já gira em torno de R$6 à R$8. Mas não custa lembrar de a pouco mais de um ano atrás o player mais barato estava em R$999,00 e hoje encontramos grande variedade de ótimos aparelhos por R$500,00 à R$600,00. Só para termos uma ideia em relação aos valores: um certo player da Samsung custava em 2006 a bagatela de R$4.422, hoje o 'neto' deste aparelho, com muito mais recursos pode ser encontrado por R$580 e até menos de R$500,00 em alguns sites. Obviamente este é um entrave à popularização do Blu-ray em terras tupiniquins, porém se levarmos em consideração que a previsão de que este formato dure mais tempo que DVD (segundo especialistas cerca de 15 anos) é bem provável que 'devedetecas' mudem seus nomes para 'bedetecas'.

Como todo nova mídia, com exceção do DVD, o Blu-ray não possuiu uma unanimidade do mercado. Até o final de 2008 um outro formato disputava as atenções e brigava para ser o escolhido do publica e das industrias fonográficas e de cinema, era o HD-DVD, cuja premissa era bem parecida com a do Blu-ray, porém necessitava de três camadas para gerar 45Gb, enquanto o outro de apenas duas para ter 50Gb de espaço. Assim como o Blu-ray o HD-DVD utilizava um laser azul-violeta para ler informação dos discos enquanto que o DVD utiliza um laser vermelho de 650nm.(O Blu-Ray usa um laser Azul-violeta de 405 nm, o HD DVD de 400).

O HD-DVD foi desenvolvido pela Toshiba e promovido pela NEC, Sanyo, Microsoft (que não chegou a incluir o HD-DVD em seu console, X-Box), HP, Intel, além da Universal Studios.

O Blu-ray foi desenvolvido pela Sony e Panasonic e contou com o apoio exclusivo da Warner Bros., MGM, Fox, Paramount, Dreamworks e Columbia Pictures. Com o apoio desses seis estúdios conseguiu se sobrepor a força da Microsoft, fazendo com que a Toshiba desistisse de 'guerra' em dezembro de 2008. 



O nome Blu-ray se deve a cor azul do raio laser informado acima. A letra "e" da palavra original "blue" foi eliminada porque, em alguns países, não se pode registrar, para um nome comercial, uma palavra comum. 

Prevista para o final do ano, minha experiência com a alta definição do Blu-ray, foi adiantada, e conto a dois meses com um player em casa e minha opinião se traduz em uma só palavra: SENSACIONAL!

Abaixo, exponho uma linha do tempo em que podemos ver todo o percurso que foi feito até chegarmos aos disquinhos azuis. 

Nos anos 50 e 60: 
São realizadas as primeiras experiências em em gravação de fitas magnéticas de duas polegadas ou quadruplex.



Nos anos 70:
É lançado pela Sony o U-Matic, fitas cassete de 1 ou 2 polegadas. 


Para o consumidor domestico a Sony lança o Betamax com qualidade superior ao U-Matic e com apenas 0,5 polegada.
 




Ainda nos anos 70 é lancado pela JVC e Panasonic o VHS que possuía qualidade inferior ao Betamax, porém com preço melhor o que o faz ganhar a batalha pelo consumidor doméstico. A beta ficou como padrão para as produtoras. 



Nos final dos anos 70 é lançado o, pouco conhecido no Brasil, Laser Disc, conhecido inicialmente como Videodisk. Do tamanho de uma LP mas com jeitão de DVD, qie só seria lancado muitos anos depois. O discão, produzido pela MCA, competiu no mercado estrangeiro com o VHS, mas apesar de melhor qualidade (oferecia 420 linhas de definição enquanto o VHS apenas 250) a falta de portabilidade e o espaço de armazenamento modesto (apenas 1 hora de filme em cada lado) não o fizeram cair muito no gosto do grande publico, a não ser os japoneses que lançavam reprodutores de LD até 2009. 

 O fim do padrão LD aconteceu no final dos anos 90 por dois motivos principais: suas grandes desvantagens em relação aos outros formatos e à chegada do DVD, em 1996. No ano 2000, as últimas produtoras que ainda lançavam filmes em LD pararam de vez, marcando o declínio final do formato. 

 

Eu particularmente só vi um laserlisc em meados (ou final) da década de 90, quando este tentou se inserir no mercado nacional.

Nos anos 80: 
A Philips lança o primeiro tocador de CD, desenvolvendo a tecnologia de reprodução à laser.Está aberto o caminho para o DVD e Blu-ray. 


Também é nessa década que chegam ao mercado nacional os primeiros videos-cassetes. 

Nos anos 90: 

O desenvolvimento de imagem em CD por consórcios de Japão e EUA chegam ao DVD, tendo a Warner lançado seu primeiro filme no formato em 1997, contudo o crédito por esse feito é atribuído à Flashstar que lançou 'Era uma vez na América' em 1998. 

Desta vez o formato é adotada sem batalhas entre empresas e o DVD se populariza rapidamente pelo mundo  e com uma aceitação um pouco mais demorada pelo Brasil, devido aos altos valores iniciais do player no mercado nacional. 
Nos anos 2000:
Logo no início da década é decretado fim do Lasedisk e o surgimento de um outro formato, também bem desconhecido, que é a fita D-VHS. Com uma resolução maior do que as dos DVD da época 720p e 1080i e áudio em 6 canais (5.1) permitiu a gravação de programação em alta definição que já começavam nos países desenvolvidos. Assim como os players de Blu-ray atualmente com relação aos DVD, os aparelhos de D-VHS permitiam a reprodução de fitas normais de VHS. Com essas qualidades o formato chegou a ser tido como sucessor do DVD mas o fato de ter de retornar ao ato de rebobinar a fita e o nome VHS pesaram na popularidade da mídia. 
Com o avanço nas pesquisas para a produção do Blu-ray e do HD-DVd o formato acabou por ser extinto em 2004 com o lançamento de 'Eu, Robô'. 



Em 2003 a locação de DVD passa, pela primeira vez, a de VHS. Também neste ano são apresentadas as primeiras versões de Blu-ray e HD-DVD. 

Em 2006 o filme 'Marcas da Violência' é o ultimo a ser lançado em VHS. Neste ano começa a batalha entre Blu-ray e HD-DVD com o lançamento de seus players no mercado. 

Em 2008 vitória da Sony, dando o troco do Betamax. 



Em 2010 ocorre a introdução do 3D no Blu-ray. 



E o futuro?

Apesar da vida longa do Blu-ray ser praticamente certa, já foi desenvolvido o substituto do disco azul. Trata-se do Disco Holográfico (HVD) com capacidade para 500Gb. No entanto seu alto custo o inviabiliza comercialmente, ainda. Uma mídia virgem custa cerca de US$ 180,00 enquanto o player não sairia por menos de US$18.000,00. 

 

Fontes: Revista Blu-ray News, Revista Info e Revista Video & Som
Fotos: 
http://www.baboo.com.br
http://t0.gstatic.com
http://t2.gstatic.com=
http://mike.napurano.com
http://t3.gstatic.com
http://t1.gstatic.com
http://www.hrrc.org
http://upload.wikimedia.org

domingo, 17 de outubro de 2010

O Segredo de Seus Olhos (El Secreto de sus Ojos, Espanha-Argentina, 2009)






Tive de dar uma pausa nas postagens políticas para poder voltar-me um pouco mais para o cinema. Neste caso, o filme já está nas locadoras mas diante de sua excelência merece a menção.


São filmes assim que nos levam (ou pelo menos a mim) a compreender o porque o cinema brasileiro, apesar de boas bilheterias não alcança o status e respeito no mundo afora como o Argentino. Enquanto entupimos as salas de cinema para ver Caveirões invadindo favelas nossos hermanos exploram sentimentos mais profundos.
 
A produção Hispano-Argentina 'O Segredo de Seus Olhos', ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, derrotando o favorito alemão 'Fita Branca' (também sensacional, porém mais denso e menos claro) é simplesmente primoroso.

A história conta a história de Benjamín Espósito que após trabalhar a vida toda num Tribunal Penal encara a aposentadoria. Sem esposa ou amigos decide escrever um romance baseado num acontecimento por qual passou em seu tempo de investigador. Em 1974, ele foi encarregado de investigar um violento assassinato e são os meandros da Justiça (que assim como cá parece permitir grandes descalabros) e o momento político pelo qual passava a Argentina na época que carregam de suspense a investigação que se perdura por muito tempo. Ao resgatar a trama policial, Benjamín irá confrontar sua paixão antiga e terá de refletir equívocos passados e decisões a serem tomadas.

No entanto a sinopse acima é simplista diante da variedade de histórias que ocorrem no filme, mas essas descobertas tem de feitas por cada um e o filme descortina cada uma delas. E o filme realiza a conexão entre elas de um jeito preciso que não permite que o espectador se perca e muito menos perca o interesse. A tensão permanece no ar por quase todo o filme e o diretor Juan José Campanella segura a atenção do que assiste com extrema proeza. 


A fotografia fantástica do filme, por Felix Monti (argentino, mas nascido no Brasil) nos faz entrar no filme, sentir aquele espaço e participar quase que interativamente da trama. Também é graças a ele e sua equipe que temos umas das cenas mais espetaculares do cinema, talvez de todos os tempos. Um plano-sequência* (filmagem de uma cena continua sem cortes) com duração de uns seis minutos em que acompanhamos um estádio de futebol lotado e câmera desce ao campo, quase entre os jogadores, segue até a arquibancada encontrando nossos protagonistas e completando com uma perseguição ao suspeito após ter ocorrido um gol. A câmera nervosa de Campanella segue por entre corredores e banheiros e termina dentro do grande área. Na verdade trata-se de um pseudo plano-sequência, uma vez que existem quatro cortes magicamente escondidos na cena. 

O total controle do diretor sobre as emoções também chamam a atenção, como na cena do elevador, onde é impossível ficar inerte. Sem fala alguma ela é angustinante ao extremo. Por diversas vezes, a câmera bem próxima ao rosto pretende revelar o que olhos querem dizer e neste instante é o belo elenco que consegue passar a verdade revelada em cada olhar. 

O único ponto em que o parco orçamento de R$ 5 milhões fez falta é com relação a maquiagem usada para envelhecer os personagens que careceu de melhor cuidado, ainda mais se você ver o filme em blu-ray. Mas isto não faz cócegas ao brilhantismo do filme. Apesar de seu final ter sido criticado por alguns é totalmente conectado à história e fecha o raciocínio, não deixando brechas. 

Enfim, para os amantes da sétima arte é obrigatório assistir esta pequena obra-prima dos nossos vizinhos, pois com certeza estarão diante de um dos melhores filmes em língua não inglesa dos últimos tempos. 

* Sobre Plano-Sequência veja mais no link ao lado:wikipedia



































Ficha Técnica:
Título original:El Secreto de sus Ojos
Gênero:Drama
Duração:02 hs 07 min
Ano de lançamento:2009
Site oficial: elsecretodesusojos.com
Direção: Juan José Campanella
Elenco: Ricardo Darín , Soledad Villamil , Pablo Rago , Javier Godino , Guillermo Francella
Roteiro:Eduardo Sacheri e Juan José Campanella, baseado em livro de Eduardo Sacheri
Produção:Gerardo Herrero, Juan José Campanella e Vanessa Ragone
Música:Federico Jusid e Emilio Kauderer
Fotografia:Félix Monti
Figurino:Cecilia Monti
Edição:Juan José Campanella



Nota: 10