sábado, 31 de outubro de 2009

Distrito 9 (District 9, EUA, 2009, Neill Blomkamp com With Sharlto Copley e Jason Cope)

Geralmente filmes sobre ETs caem na obviedade de nos retratar como os bonzinhos defendendo nosso planeta contra a tirania dos cruéis e impiedosos seres (sempre) mais desenvolvidos.
Quando este mesmo gênero foge desse lugar comum, também geralmente, somos presenteados com bons filmes como por exemplo: O Dia em que a Terra Parou, ET, Contatos Imediatos dos Terceiro Grau, Enigma do Abismo, Esfera, dentre outros. Além de remarem contra a corrente, estes filmes primam por conduzirem a história com uma carga dramática acentuada (o que às vezes prejudica sua performance nas bilheterias, afinal não são todos os adolescentes que estão dispostos este tipo de filme) ou enveredarem por reflexões sociais e existenciais.

Eis que temos mais um exemplar que nos brinda com todas essas características incomuns. Distrito 9, cuja realização se deu graças ao aval de Peter Jackson ao novato diretor (em cinema) Neill Blomkamp, revela um olhar bem particular sobre os seres extraterrenos.

Para começar, eles já estão na Terra a 20 anos e para decepção estadunidense eles não aterrissaram sobre Nova Iorque e nem Washington, foram para Johanesburgo, África do Sul. Provavelmente desconectada da nave mãe, os ETs não conseguem voltar e ficam perdidos e sem comando, passam fome e são 'ajudados' pelos humanos. O que se iniciou como um programa de cooperação interplanetário acaba formar um gueto, uma favela cujo nome homônimo do título foi inspirado em um bairro da Cidade do Cabo.  Sem qualquer estrutura, os seres são tratados como cidadãos de ultima categoria, com apenas dois direitos: o primeiro é não ter direito e o segundo é não abusar do primeiro (cortesia do meu amigo Helio da REDUC).

Em pouco tempo os camarões, como são chamados os ETs, se transformam em um problema para a população local e para os governantes. Subjugados, mesmo com superioridade física e tecnológica, os camarões convivem com a sujeira, a falta de comida, o tráfico e a opressão do Estado e ostilização da população humana. Qualquer semelhança não é mera coincidência. 


Quando a situação se torna insustentável, cria-se um plano de realocação (expulsão) dessa população para uma área longe do centro urbano. Lembra da reforma urbana carioca de Pereira Passos? A lógica é afastar o problema da visão de todos ou pelo menos dos políticos e mais abastados. 
Até aqui não temos mais do que dez minutos de filme e a trama irá se desenrolar a partir desse plano de 'realocação' alimentada por uma tentativa de fuga e uma contaminação de um dos agentes por um fluido extraterrestre que irá mudar a visão dele (e a nossa) com relação a convivências entre as duas espécies. 

O impacto que a inter-relação entre esses dois mundos, o individualismo, a (falta de) humanidade e a falta de escrúpulos da figura estatal incrementam a história que aliada a muita ação, tiros e mais tiros, dão ao filme um ritmo frenético. 

Outro ponto interessante e a estética inicial do filme que conta com takes em forma de documentário e imagens de câmeras de seguranças que dão um 'que' de credibilidade à história á exemplo de 'Bruxa de Blair', 'Quarentena' e do novato 'Atividade paranormal'. 

Um sopro de criatividade e coragem em uma indústria que se acomodou a realizar continuações das continuações e beber de fontes quase secas. 

Muito interessante e imperdível são os sites que dão apoio a história, dá até pra se candidatar a vagas na MNU ou se registrar como um camarão. Ontem recebi mensagem do Christopher (só vendo o filme para entender). 

Nota: 10

Sites:
http://www.d-9.com/
http://www.multinationalunited.com/

http://www.district9movie.com/
http://www.district9game.com/
http://www.multinationalunited.com/training/

Trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=69utrKauwVQ




Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, EUA, 2009, Quentin Tarantino)

Imagine um filho gerado por dez anos. è mais ou menos essa a sensação que Quentin Tarantino deve ter tido quando entrou no set para filmar 'Bastardos...' Por longos 10 anos (ou mais) falavasse nos corredores de Hollywood que Tarantino não tinha um final para seu roteiro. Ele rebate e fala que na verdade não conseguia parar de escrever. O roteiro chegou a sofrer o risco de virar minisérie mas os Deuses da sétima arte deram uma mãozinha e o transformou em um dos melhores filmes sobre a 2º Grande Guerra já realizados e praticamente esgotando o tema (Rodrigo Salem na edição 266 da revista SET fala sobre isso). Não há mais o que transmitir, interpretar. Pelo menos fechou com chave de ouro. O filme retrata uma França ocupada pela Alemanha nazista e conta a história de um plano para matar o alto escalão alemão que irá envolver um grupo de caçadores de escalpos nazistas (isso mesmo, escalpos) - os tais bastardos do título, uma vingança pessoal e uma première de um filme sobre um 'herói' de guerra. Tarantino mescla habilmente humor, drama, tensão e (óbvio) violência. As vezes escorrega no ufanismo mas logo depois ridiculariza o próprio norte americano. Quem for cinéfilo vai se divertir com as dezenas de referência expostas (as vezes gritantemente). No final temos um ótimo registro fictício mas que ficamos imaginando o quanto seria interessante se realmente tivesse acontecido.

Não é a obra-prima de Tarantino, este título dificilmente fugirá de Pulp Fiction (apesar de eu gostar mais de Cães de Aluguel), mas é indispensável.

Nota: 10
Site: http://www.paramountpictures.com.br/bastardosinglorios/

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=iON5wDEl-_o&feature=player_embedded

Filme: Tá chovendo Hamburguer (Cloudy With a Chance of Meatballs, EUA, 2009, Phil Lord e Chris Miller)

Algo muito interessante é ir ao cinema sem pretensão e sair muito satisfeito. Com um tema a primeira vista um tanto medíocre, 'Tá chovendo hamburguer' só chamou minha atenção por ser em 3D, mas a grata surpresa veio em poucos minutos com uma impressionante qualidade visual e pelo humor muito bem equilibrado. Na trama, baseada no livro de Judi e Ron Barrett, um jovem, nerd e fracassado cientista vive com o pai em uma cidade pesqueira situada em uma ilha. Cansado de viver das sardinhas que movimentam a economia local, Flint Lockwood (voz de Bill Hader no original) cria um sintetizador de comida. Basta adicionar água e... pronto! Ele gera a comida que o usuário desejar. Um acidente, porém, coloca a máquina na estratosfera - e Flint, atendendo os desejos da população e do prefeito, começa a fazer chover comida várias vezes ao dia. Mas conforme cresce a montanha de comida desperdiçada, aumenta também a ganância e a barriga do prefeito e dos demais habitantes. Os exageros são permitidos em uma obra como essa e a transformam em uma ótima comédia para pais e filhos de divertirem muito e sem medo.

Nota: 8


Site: http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/cloudywithachanceofmeatballs/

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=egeE-0aMiBs&feature=related

Filme: Te Amarei para Sempre (EUA, 2009, Robert Schwentke. Com: Eric Bana e Rachel McAdams)

Misturar viagem no tempo e romance poderia render um filme piegas, porém, 'Te amerei...' até que consegue se segurar até o fim mostrando as consequencias emocionais que as indas e vindas no tempo podem trazer a quem as faz e para quem convive com essa pessoa. As constantes viagens confundem um pouco e numa análise mais profunda podem traduzir alguns furos, mas nada que comprometa o resultado final. Talvéz o que mais cause estranheza´é a naturalidade cm que o assunto é tratado por todos que sabem desse 'dom', o que convenhamos pode ser tudo menos ser encarado com naturalidade. Apesar de as vezes o casal ser um pouco frio e não transmitir o sentimentalismo necessário pode levar os lenços de papel, pois, os litros de lágrmas são inevitáveis.

Nota: 6

Site: http://www.thetimetravelerswifemovie.com/

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=cUibrgH9hCY