quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Unidos da Tijuca 1999 (TOP 15)

O mais recente dos sambas do meu TOP 15 de tão belo deveria ser emoldurado e exposto no Louvre. À época do desfile o presidente da escola afirmou que o samba era tão bonito que casais separados voltavam a ficar junto se ouvissem o samba. Guardados os devidos exageros a letra é de um primor raríssimo. Todos os versos são incrivelmente bem escritos e a melodia colabora para a grandeza do samba. O desfile da Tijuca no grupo de acesso foi campeão com sobras lhe rendendo o acesso ao grupo das principais escolas de samba do Rio. 


O Dono da Terra
Unidos da Tijuca

De: Vicente das Neves, Carlinhos Melodia, Haroldo Pereira, Rono Maia, Alexandre Alegria


Hoje a Tijuca canta
Sacode e balança esta cidade
Viaja no conto do índio
O dono da terra, que felicidade
No cantar do Uirapuru
Tantas lendas pra contar
Sob as ordens de Rudá

Iara mandou Jaci clarear
E seu caminho iluminar

Veja o orvalho vem caindo
Cheiro das matas vem surgindo
Vou navegar meu rio mar
Mistérios que vou desvendar

Por essas matas verdejantes
Têm seres sobrenaturais
Mulheres metade serpente
Curumins dançantes
E vi estranhos animais
Farturas encontrei, com as plantas conversei
Com as bênçãos de Rairu
Sentei pra meditar
Se a lua for minguante eu peço a proteção
Me deixa com as guerreiras festejar

Pedras preciosas quero me enfeitar
Encantar a índia com o meu olhar
Só Tupã sabia
Que eu não podia me apaixonar








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Portela 1995 (TOP 15)

Depois de muitos desfiles aquém de sua história, a azul e branco de Madureira fez uma belíssima apresentação com enredo sobre o próprio carnaval. Sua derrota para a Imperatriz foi marcante, pois além do bom carnaval contou com o retorno de grandes nomes da escolas que estavam afastados. Seu maravilhoso samba acabou, pela derrota, ficando meio de lado. Noca da Portela e Colombos, que participaram da criação desta letra, também estariam, três anos mais tarde, entre os compositores do samba do carnaval de 98, o belíssimo 'Os Olhos da Noite'. 

Gosto que me Enrosco
Portela

De: Noca da Portela, Colombo e Gelson



É carnaval
O Rio abre as portas pra folia
É tempo de sambar
Mostrar ao mundo a nossa alegria
Veio bailando pelo mar
E de lá pra cá nasceu essa magia
Samba, que me faz feliz
Em sua raiz tem arte e poesia

Bate o bumbo, lá vem Zé Pereira
E faz Madureira de novo sonhar
A Portela não é brincadeira
Sacode a poeira, faz o povo delirar

Gosto que me enrosco de você, amor
Me joga seu perfume, hoje eu tô que tô

Praça Onze, berço das nossas fantasias
Deixa Falar deixou no peito a nostalgia
Dos ranchos, blocos e cordões
Dos mascarados nos salões
Pierrot beijando a Colombina
Chuva de confete e serpentina
Dos bondes ficou a saudade
Ah! Que saudade do luxo das Sociedades

Abram alas, deixa a Portela passar
É voz que não se cala
É canto de alegria no ar








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Vila Isabel 1988 (TOP 15)

Por vezes os desfiles das escolas de samba proporcionam momentos épicos que serão lembrados daqui a uns 100 anos. Assim foi com o final do desfile da Mangueira em 1984, com o Cristo coberto da Beija Flor em 1989 e tantos outros. E esse ano entrou para a história do samba pelo memorável desfile da Vila Isabel. Na concentração da escola não se poderia supor que nos próximos minutos a Sapucaí contemplaria o que, para muitos, foi o maior desfile de todos os tempos. 'Kizomba a festa da raça' exaltava a negritude e clamava por igualdade. Contrariando a tendência do carnaval luxuoso, tomou a avenida com muita palha em leves e maravilhosas fantasias e apoiado sob um samba de grande força e representatividade, transformando aqueles 700 metros de pista em um grande terreiro. Não havia como derrotar aquilo. A Mangueira vice campeã nesse ano, com um belíssimo samba também integrante de meu Top 15, devia comemorar sua posição como um título.

Como um roteiro de ficção, a magia desfilada pela Vila ficaria exclusiva a apenas este desfile, pois chuvas impediram que as escolas retornassem no sábado seguinte.




Kizomba a festa da raça
Vila Isabel


De: Jonas, Rodolpho e Luiz Carlos da Vila


Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição

Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu

Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)

Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular

sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)

Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos
seus rituais

Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua (bis)
Nossa cede é nossa sede
e que o "apartheid" se destrua

Valeu!








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Mangueira 1988 (TOP 15)

Os 100 anos da Abolição da Escravatura motivaram algumas escolas a levar o negro como tema para a avenida no ano de 1988. Uma delas foi a Estação Primeira. Com um dos mais fortes sambas de todos os tempos, a verde e rosa muda o discurso de redenção do negro após a Abolição. Os primeiros versos já são uma porrada na cara da sociedade: "Será que já raiou a liberdade ou se foi tudo ilusão". Mais a frente vem o golpe de misericórdia: "livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela". Uma letra que faz refletir e emocionar e levou a supercampeã ao vice campeonato desse ano. No caminho do seu tricampeonato havia uma certa Vila com sua Kizomba e seu Martinho que não desfilando na comissão de frente da verde e rosa fez com que a mesma perdesse pontos e ficasse a apenas 1 atrás da escola de Noel Rosa. No ano seguinte, o também belo samba da Imperatriz põe tudo a perder quando diz que "o negro sambou, comemorou o fim da sina".


Cem anos de liberdade, realidade e ilusão
Estação Primeira de Mangueira


De: Hélio Turco, Jurandir e Alvinho


Será...
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão
Será...
Que a lei áurea tão sonhada
Há tanto tempo assinada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade
Onde está que ninguém viu
Moço
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso brasil

Pergunte ao criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela

Sonhei...
Que zumbi dos palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção

Senhor...
eis a luta do bem contra o mal...contra o mal
que tanto sangue derramou
contra o preconceito racial

O negro samba, o negro joga a capoeira
ele é o rei na verde-rosa da mangueira










Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Portela 1984 (TOP 15)

Desfilando no Domingo de carnaval a azul e branco ganharia seu último título (até 2014) com o Mangueira levando o campeonato de segunda e o supercampeonato. O enredo original levava para a avenida uma homenagem a grandes nomes portelenses, Paulo da Portela, Natal e Clara Nunes os colocando como orixás. Samba fortíssimo e inesquecível.


Contos de Areia
Portela

De: Dedé da Portela e Norival Reis


Bahia é um encanto a mais
Visão de aquarela
E no ABC dos Orixás
Oranian é Paulo da Portela
Um mundo azul e branco
O deus negro fez nascer
Paulo Benjamim de Oliveira
Fez esse mundo crescer (okê, okê)

Okê-okê Oxossi
Faz nossa gente sambar (bis)
Okê-okê, Natal
Portela é canto no ar

Jogo feito, banca forte
Qual foi o bicho que deu?
Deu Águia, símbolo da sorte
Pois vinte vezes venceu

É cheiro de mato
É terra molhada (bis)
É Clara Guerreira
Lá vem trovoada

Epa hei, Iansã, epa hei (bis)

Na ginga do estandarte
Portela derrama arte
Neste enredo sem igual
Faz da vida poesia
E canta sua alegria
Em tempo de carnaval
(Ê Bahia...)








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Mangueira 1984 (TOP 15)

Inauguração do sambódromo. Manhã de Terça-feira de carnaval. Entra na avenida a Estação Primeira. Com um lindo samba defendendo um enredo em homenagem a Braguinha, a verde e rosa passa rumo ao título de Segunda (nesse ano dividiram os desfiles e indicaram uma campeã para cada dia além de um supercampeonato no Sábado das campeãs). Ao final do desfile diante da dúvida do que fazer ao chegar na praça da apoteose que ainda não contava com as frisas, a bateria 'surdo um' deu meia volta e como um grande bloco desfilou com o povo retornando à Presidente Vargas. Nós Sábado das campeãs a Mangueira se tornaria a única supercampeã do carnaval carioca. Nunca mais aquilo irá se repetirá.


Yes nós temos Braguinha
Estação Primeira de Mangueira

De: Jurandir, Hélio Turco, Comprido, Arroz e Jajá



Vem...
Ouvir de novo o meu cantar
Vem ouvir as pastorinhas
A luz de um pássaro cantor
Yes nós temos braguinha
Bela época
Quando o poeta floresceu
Oh! meu rio
Então cantando amanheceu
Num fim de semana em Paquetá
Ouvi Carinhoso amei ao luar

Laura... que não sai da minha mente
Morena a saudade mata a gente (bis)

Hoje tem fogueira
Viva são joão
Mané fogueteiro
Vai soltar balão

Carnaval!
O povo vibra de alegria
Ao cantar a tua poesia
Será que hoje tudo já mudou
Onde andará o arlequim tão sonhador
Chora pierrô, chora
Se a tua colombina foi embora

Canta!
A mulata é a tal
Salve a lourinha
Dos olhos claros de cristal

É no balancê-balancê,
Eu quero ver balançar
É no balanço que a Mangueira vai passar (bis)


















Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Em cima da hora 1976 (TOP 15)

Quando adolescente sempre ouvia comentarem sobre este samba como sendo o maior de todos os tempos. E 18 anos atrás não contávamos com computadores e a palavra internet acho que nem existia, ou seja, a chance de eu conseguir escutar esse samba seria um tanto remota. Foi aí que descobri que o LP dos sambas enredo de 1976 ao alcance das minhas mãos e pude assim ter acesso a essa poesia que está em um outro patamar no que se trata de samba enredo. Mas essa obra prima não salvou a escola do rebaixamento para o grupo de acesso. Depois de muito tempo no limbo dos grupos inferiores (chegou a figurar no grupo D) a Em Cima da Hora irá reeditar 'Os Sertões' agora em 2014, tentando uma das vagas no grupo especial em 2015.


Os Sertões
Em Cima da Hora

De: Edeor de Paula


Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
A terra é seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida é triste nesse lugar

Sertanejo é forte
Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte (bis)
Dizia o Poeta assim

Foi no século passado
No interior da Bahia
O Homem revoltado com a sorte
do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
Que a sociedade oferecia

Os Jagunços lutaram
Até o final
Defendendo Canudos (bis)
Naquela guerra fatal










Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Unidos de Lucas 1968 (TOP 15)

A Unidos de Lucas nasceu da fusão de outras duas escolas da região, a Unidos da Capela e a Aprendizes de Lucas sendo que a primeira já havia sido campeã do carnaval em 1960. Com uma letra inspirada, a Galo de Ouro marcou pela segunda vez seu nome na história do carnaval, não com o título mas com esse belíssimo exemplar de samba enredo, posteriormente gravado por Martinho da Vila. 


Sublime Pergaminho
Unidos de Lucas

De: Zeca Melodia, Nilton Russo e Carlinhos Madrugada



Quando o navio negreiro
Transportava negros africanos
Para o rincão brasileiro
Iludidos
Com quinquilharias
Os negros não sabiam
Que era apenas sedução
Pra serem armazenados

E vendidos como escravos
Na mais cruel traição
Formavam irmandades

Em grande união
Daí nasceram festejos
Que alimentavam o desejo
De libertação
Era grande o suplício
Pagavam com sacrifício
A insubordinação

E de repente
Uma lei surgiu
E os filhos dos escravos
Não seriam mais escravos
No Brasil

Mais tarde raiou a liberdade
Pra aqueles que completassem
Sessenta anos de idade
Ó sublime pergaminho
Libertação geral
A princesa chorou ao receber
A rosa de ouro papal
Uma chuva de flores cobriu o salão
E o negro jornalista
De joelhos beijou a sua mão
Uma voz na varanda do paço ecoou:
"Meu Deus, meu Deus
Está extinta a escravidão"









Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Mocidade 1971 (TOP 15)

'Rapsodia de Saudade' não é um dos sambas mais comentados quando se fala sobre belas e imortais letras. Não entendo o porquê? A letra é magnífica e não possuiu um verso sequer que seja digno de crítica negativa. Merece muito mais importância que atualmente goza.


Rapsodia de Saudade
Mocidade Independente de Padre Miguel

De: Toco

Canto, faço do samba a minha prece
Sinto que a musa me aquece
Com o manto da inspiração
Ao transportar-me pelas asas da poesia
Ao som de lindas melodias
Que vão fundo no meu coração

Então componho um poema singular
Rememorando obras célicas
Do cancioneiro popular

Oh, divina música
Tua magia nos envolve a alma
Tua sutileza nos seduz
Pois emanas a luz
Que enebria e acalma
Tu és a linguagem dos cantores
Tuas entonações
Nos inspiram amores

Música, nos traz saudades coloridas
De trovadores em serestas
E das canções sentidas







Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Portela 1970 (TOP 15)

O folclore brasileiro rende belíssimos sambas e esse talvez seja seu mais bonito exemplar. Alguns de seus versos são de poesia ímpar: "Dizem que os astros se amaram e não puderam se casar. A lua apaixonada chorou tanto que de seu pranto nasceu o rio-mar." Espetacular ! E mais um título para uma das madrinhas do samba.


Lendas E Mistérios do Amazonas
Portela

De: Catoni, Jabolo, Waltenir


Nesta avenida colorida
A Portela faz carnaval
lendas e mistérios da Amazônia
Cantamos neste samba original
Dizem que os astros se amaram
E não puderam se casar
A lua apaixonada chorou tanto
Que do seu pranto nasceu o rio-mar
E dizem mais
Jaçanã
Bela como uma flor
Certa manhã viu ser proibido o seu amor
Pois um valente guerreiro
Por ela se apaixonou
Foi sacrificado pela ira do Pajé
E na Vitória-Régia
Ela se transformou
Quando chegava a primavera
A estação das flores
Havia uma festa de amores
Era a tradição das amazonas
Mulheres guerreiras
aquele ambiente de alegria
Terminava ao raiar do dia
Ô esquindô lá lá
Ô esquindô lê lê
Olha só quem vem lá
É o Saci-Pererê








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Império serrano 1969 (TOP 15)

'Heróis da liberdade' além de um belo samba é uma letra de extrema coragem. Em época de AI 5, Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira levam para o Império uma música sobre liberdade contra a opressão. Os milicos não gostaram muito e a palavra revolução (verso 25 teve de ser alterada para evolução. Contam que um avião do exército sobrevoa a Avenida Presidente Vargas e que Silas de Oliveira saiu algemado do desfile com o povo cantando "essa brisa que a juventude afaga, essa chama que o ódio não apaga" . Desfile coroado com o reconhecimento popular mas que não passou de um 4º lugar na apuração. Épico!


Heróis da Liberdade
Império Serrano


De: Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira


Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que ajuventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a revolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô





Os 50 maiores sambas enredo de todos os tempos - Mangueira 1967 (TOP 15)

Quando ainda não se questionava a figura de Monteiro Lobato e o racismo em sua obra, a mangueira levou para o carnaval um samba antológico e um desfile campeão, um verdadeiro "sublime relicário de criança, que ainda guardo como herança, em meu coração". De grande sucesso na época, o samba é lembrado até hoje.


O Mundo Encantado de Monteiro Lobato
Estação Primeira de Mangueira

De: Hélio Turco, Darci, Jurandir, Batista e Luiz



Quando uma luz divinal
Iluminava a imaginação
De um escritor genial
Tudo era maravilha
Tudo era sedução
Quanta alegria
E fascinação
Relembro...
Aquele mundo encantado
Fantasiado de dourado
Oh! doce ilusão
Sublime relicário de criança
Que ainda guardo como herança
No meu coração

Glória a este grande sonhador
Que o mundo inteiro deslumbrou
Com suas obras imortais
Vejam quanta riqueza exuberante
Na escritura emocionante
Com seus contos triunfais
Com seus personagens fascinantes
Nas histórias tão vibrantes
Da literatura infantil
Enriquecem o cenário do brasil

E assim...
E assim
Neste cenário de real valor
Eis... o mundo encantado
Que monteiro lobato criou








Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Império serrano 1964 (TOP 15)

O que falar de um samba que está em 10 entre 10 listas de melhores de todos os tempos. Apesar disso, a letra de Silas de Oliveira recebe ainda algumas críticas por deixar de fora alguns estados. Mas falemos a verdade, para falar de todos não seria possível em um samba, talvez apenas em uma ópera. 

A beleza de seus versos faz, aos que viveram esta época, sentirem saudades e aos que nasceram depois pensar como podiam fazer sambas assim. Poético e de forte melodia é um clássico que rendeu o apenas um 4º lugar para a escola de serrinha (a campeã foi a Portela com 'O Segundo Casamento de D. Pedro I') . Foi reeditado em 2004 dando o estandarte de melhor escola à verde branco, mas no desfile oficial ficou em 9º lugar. 


Aquarela Brasileira
Império Serrano

De: Silas de Oliveira

Vejam esta maravilha de cenário
é um episódio relicário
que o artista num sonho genial
escolheu para este carnaval
e o asfalto como passarela
será a tela do Brasil em forma de aquarela

Passeando pelas cercanias do Amazonas
conheci vastos seringais
no Pará, a ilha de Marajó
e a velha cabana do Timbó
caminhando ainda um pouco mais
deparei com lindos coqueirais
estava no Ceará, terra de Irapuã
de Iracema e Tupã.

Fiquei radiante de alegria
quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
das noites de magia do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
assisti em Pernambuco
a festa do frevo e do maracatu

Brasília tem o seu destaque
na arte, na beleza e arquitetura
feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
do Leste por todo o Centro-Oeste
tudo é belo e tem lindo matiz

o Rio dos sambas e batucadas
dos malandros e mulatas
de requebros febris.

Brasil, essas nossas verdes matas
cachoeiras e cascatas
de colorido sutil
e este lindo céu azul de anil
emolduram aquarela o meu Brasil

Lá rá rá rá rá
Lá rá rá rá rá 




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Os 50 maiores (melhores) sambas enredo de todos os tempos - Tupy de Brás de Pina - 1961 (TOP 15)

Algo comum até a década de 70 eram os enredos exaltando vultos históricos. A Tupy não foi a primeira, porém em 1961 foi mais uma que rompeu com essa 'regra' mostrando um samba em homenagem ao povo do sertão cantando o sofrimento causado pela seca. Com ele a escola acabou ficando em 2º lugar no desfile do grupo de acesso subindo para o Grupo Principal em 62. Uma bela letra que posteriormente foi gravada por grandes nomes da música como Jamelão, Clara Nunes, Fagner, Abílio Martins e Mestre Marçal. A Tupy, que desfilou pela última vez em 1998, mostrou-nos em 1976 outro belo samba, porém este a levou de volta ao grupo de acesso. Diferentemente das composições atuais ele não possuiu refrões.

Seca no Nordeste
Tupy de Brás de Pina

De Gilberto de Andrade e Waldir de Oliveira


Ô Ô Ô Ô Ô
Sol escaldante, terra poeirenta
Dias e dias, meses e meses sem chover
E o pobre lavrador
Com a ferramenta rude
Dá forte no solo duro
Em cada pancada parece gemer

Ô Ô Ô Ô Ô
Geme a terra de dor

Ô Ô Ô
Não adianta meu lamento meu Senhor

Ô Ô Ô e a chuva não vem
O chão continua seco e poeirento

No auge do desespero
Uns se revoltam contra Deus
Outros rezam com fervor
Nosso gado está sedento, meu Senhor
Nos livrai dessa desgraça
O céu escurece
As nuvens parecem
Grandes rolos de fumaça
Chove no coração do Brasil
E o lavrador
Retira o seu chapéu
E olhando o firmamento
Suas lágrimas se unem
Com as lágrimas do céu
O gado muge de alegria
Parece entoar uma linda melodia

Os 50 melhores (maiores) sambas enredo de todos os tempos - Mangueira 1955 (TOP 15)

'Cântico à Natureza' é um samba enredo escrito por Alfredo Português, Jamelão e Nelson Sargento, e gravado por Angenor de Oliveira, ninguém menos que o grande Cartola. Um samba clássico, porém meio esquecido. Uma letra belíssima, um magnífico refrão inicial e uma melodia gostosa de ouvir. Nesse ano de 1955 a Estação Primeira ficou em 2º lugar no desfile no qual saiu campeã a Império Serrano com 'Exaltação a Duque de Caxias'. Esse enredo foi reeditado' em 1970, mas com outro samba.

Cântico à Natureza (As Quatro Estações do Ano)
Estação Primeira de Mangueira

De Alfredo Português, Jamelão e Nelson Sargento

Brilha no céu o astro-rei
Com fulguração
Abrasando a terra
Anunciando o verão

Outono
Estação singela e pura
É a pujança da natura
Dando frutos em profusão

Inverno
Chuva, geada e garoa
Molhando a terra
Preciosa e tão boa
Desponta
A primavera triunfal
São as estações do ano
Num desfile magistral
A primavera
Matizada e viçosa
Pontilhada de amores
Engalanada, majestosa
Desabrocham as flores
Nos campos,
Nos jardins e nos quintais
A primavera
É a estação dos vegetais

Oh! primavera adorada
Inspiradora de amores
Oh! primavera idolatrada
Sublime estação das flores



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Os 50 Melhores (Maiores) Sambas Enredo de Todos os Tempos

Faltam menos de 15 dias para o carnaval. E como grande fã da festa popular, sempre nesse período costumo ouvir sambas enredos, antigos em sua maioria, e passeio por sites e blogs que contam histórias de carnavais recentes e longínquos. 

Seguindo a lógica de que o ser humano é um animal que faz listas, sempre desejei ter uma lista de sambas antológicos. São infinitas as desse tipo que se encontra na internet. Quase sempre não contemplam todas as nossas preferências e as omissões podem ser por simples falta de experiência de quem as fez, por gostos diferentes ou, em sua maioria, pelo limitado número de sambas. 

Em minha ingenuidade pensei que aumentando esse número resolveria o problema. Ledo engano. Mais sambas vão surgindo e a listagem vai crescendo. O 'cabalístico' número de 50 sambas me pareceu suficiente, mas mostrou-se desafiante e possivelmente não contemplará todos aqueles que a irão ler a postagem. Diversos ótimos sambas ficaram de fora, outros, mesmo que não apresentem as mais belas e rebuscadas letras foram inseridos pelo sucesso que fizeram e fazem até hoje. Para se ter uma ideia da dificuldade estou preparando uma segunda listagem de 50 sambas (chamado: 'Os Outros 50') e que de início já conta com quase 40 exemplares que não entraram na primeira lista. 

Quem quiser colaborar pode colocar nos comentários suas preferências. Para cada samba aqui descrito coloquei um link para ler e/ou ouvir a letra e além disso o meu TOP 15 merecerá um detalhamento posterior. Espero que gostem.


ESCOLA ANO  ENREDO OUÇA O SAMBA
MANGUEIRA 1955 As Quatro Estações do Ano Clique aqui
TUPY DE BRAS DE PINA 1961 Seca no Nordeste Clique aqui
SALGUEIRO 1963 Xica da Silva Clique aqui
IMPÉRIO 1964 Aquarela Brasileira Clique aqui
SALGUEIRO 1964 Chico Rei  Clique aqui
IMPÉRIO 1965 Cinco Bailes da História do Rio Clique aqui
MANGUEIRA  1967 O Mundo Encantado de Monteiro Lobato Clique aqui
UNIDOS DE LUCAS 1968 Sublime Pergaminho  Clique aqui
IMPÉRIO 1969 Heróis da Liberdade Clique aqui
VILA ISABEL 1969 Yayá do Cais Dourado Clique aqui
PORTELA 1970 Lendas E Mistérios do Amazonas Clique aqui
MOCIDADE  1971 Rapsódia de Saudade Clique aqui
SALGUEIRO 1971 Festa para um Rei Negro Clique aqui
PORTELA  1972 Ilu Ayê (Terra da Vida) Clique aqui
VILA ISABEL 1972 Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade Clique aqui
PORTELA 1974 O mundo melhor de Pixinguinha Clique aqui
ESTACIO DE SÁ 1975 Festa do Círio de Nazaré Clique aqui
IMPÉRIO 1976 A Lenda Das Sereias, Rainhas do Mar Clique aqui
EM CIMA DA HORA 1976 Os Sertões  Clique aqui
ILHA  1977 Domingo Clique aqui
ILHA  1978 O Amanhã Clique aqui
VILA ISABEL 1980 Sonho de Um Sonho Clique aqui
PORTELA 1981 Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma Noite Clique aqui
IMPÉRIO 1982 Bum, bum paticumbum prugurundum Clique aqui
ILHA  1982 É Hoje Clique aqui
MANGUEIRA  1984 Yes, Nós Temos Braguinha Clique aqui
PORTELA 1984 Contos de Areia Clique aqui
SALGUEIRO 1984 Skindô, Skindô Clique aqui
MOCIDADE 1985 Ziriguidum 2001, Carnaval Nas Estrelas Clique aqui
MANGUEIRA  1986 Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira tem Clique aqui
MANGUEIRA  1988 Cem anos de liberdade, realidade e ilusão Clique aqui
VILA ISABEL 1988 Kizomba, Festa da Raça Clique aqui
ILHA  1989 Festa Profana Clique aqui
IMPERATRIZ 1989 Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós Clique aqui
BEIJA FLOR  1989 Ratos E Urubus... Larguem Minha Fantasia Clique aqui
MANGUEIRA  1990 E deu a louca no barroco Clique aqui
MOCIDADE 1990 Vira Virou, a Mocidade Chegou Clique aqui
SÃO CLEMENTE 1990 E o samba sambou... Clique aqui
MOCIDADE 1991 Chuê, Chuá... As Águas Vão Rolar Clique aqui
ILHA  1991 De bar em bar Clique aqui
MOCIDADE 1992 Sonhar não custa nada, ou quase nada  Clique aqui
ESTACIO DE SÁ 1992 Paulicéia Desvairada - 70 anos de Modernismo  Clique aqui
SALGUEIRO 1993 Peguei um Ita no Norte Clique aqui
MANGUEIRA  1994 Atrás da Verde-e-Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu Clique aqui
PORTELA 1995 Gosto Que Me Enrosco Clique aqui
VIRADOURO 1997 Trevas! Luz! a Explosão do Universo Clique aqui
UNIDOS DA TIJUCA 1999 O Dono da Terra Clique aqui
VILA ISABEL 2000 Eu Sou Índio, Eu Também Sou Imortal Clique aqui
BEIJA FLOR  2005 O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor Clique aqui
IMPERATRIZ 2010 Brasil de Todos os Deuses Clique aqui


O meu TOP 15. 

ESCOLA ANO  SAMBA
MANGUEIRA 1955 As Quatro Estações do Ano
TUPY DE BRAS DE PINA 1961 Seca no Nordeste
IMPÉRIO 1964 Aquarela Brasileira
MANGUEIRA  1967 O Mundo Encantado de Monteiro Lobato
UNIDOS DE LUCAS 1968 Sublime Pergaminho 
IMPÉRIO 1969 Heróis da Liberdade
PORTELA 1970 Lendas E Mistérios do Amazonas
MOCIDADE  1971 Rapsódia de Saudade
EM CIMA DA HORA 1976 Os Sertões 
MANGUEIRA  1984 Yes, Nós Temos Braguinha
PORTELA 1984 Contos de Areia
MANGUEIRA  1988 Cem anos de liberdade, realidade e ilusão
VILA ISABEL 1988 Kizomba, Festa da Raça
PORTELA 1995 Gosto Que Me Enrosco
UNIDOS DA TIJUCA 1999 O Dono da Terra

O Ranking. 

ESCOLASAMBAS 
MANGUEIRA  7
PORTELA  6
ILHA  5
IMPÉRIO  5
SALGUEIRO 5
VILA ISABEL  5
MOCIDADE 5
ESTACIO DE SÁ  2
BEIJA - FLOR  2
IMPERATRIZ  2
EM CIMA DA HORA 1
SÃO CLEMENTE 1
UNIDOS DA TIJUCA  1
UNIDOS DE LUCAS  1
VIRADOURO 1
TUPY DE BRAS DE PINA 1