domingo, 28 de abril de 2013

Samurai X - O Filme (Rurouni Kenshin, 2012)

Filmes baseados em quadrinhos, mangás, séries, desenhos, etc, correm basicamente dois riscos: desagradar os fãs com adaptações (as vezes necessárias) na história e/ou não contar com o interesse daqueles que não conhecem o enredo. Frente a grandes fracassos (Demolidor, O Justiceiro, A Liga Extraordinária por exemplo) surgem algumas boas opções que conseguem a proeza de atrair não fãs e satisfazer a ânsia dos fanáticos como a recente trilogia do Cavaleiros das Trevas. 

Rurouni Kenshin - O Filme (ou simplesmente Samurai X, aqui no Brasil) se enquadra em um desses raros casos em que tanto fãs como o restante do público poderão apreciar um bom filme de ação com enredo bem desenvolvido e belas cenas. A produção japonesa contou com Nobuhiro Watsuki, criador do mangá, como roteirista, o que proporcionou fidelidade à obra original. 




Lançado em mangá no Japão em 1994 pelas mãos de Nobuhiro Watsuki, publicada na Shukan Shonen, o anime chegou ao Brasil no final de 1999, trazido pela Columbia Pictures e exibida pela Rede Globo até meados de 2000. Em setembro de 2000 a emissora por assinatura Cartoon Network passou a exibir a série, exibindo-a até o final, a qual foi concluída em maio de 2001. Já o mangá foi publicado no Brasil a partir de maio de 2001 pela Editora JBC em 56 volumes (cada um sendo metade do original japonês). Em novembro de 2012, a Editora JBC voltou a publicar o mangá, agora intitulado Rurouni Kenshin - Crônicas da Era Meiji.





O filme em live action parte de uma premissa semelhante ao manga. Em um Japão feudal, os monarquistas saem vitoriosos de uma guerra na qual restauram o governo para as mãos do imperador derrubando Xogunato Tokugawa, originando assim a Era Meiji. Apesar de sair vitorioso Kenshin Himura, hitokiri (assassino) à serviço dos monarquistas, decide ao final da guerra, não mais matar e assim dar fim a sua alcunha de Retalhador (Hitokiri Battousai). Para tanto se transforma em um andarilho (Rouroni), algo muito próximo de um Ronin (samurai sem senhor). Diante da proibição de utilizar espadas e procurando cumprir sua promessa de cessar sua vida de assassino, utiliza uma katana com corte ao contrário (sakabatou), ou seja, o golpe que porventura praticasse a um adversário não seria fatal uma vez que o a lâmina encontra-se no dorso.

Em seu caminho ele cruza com Kaorou, que tenta enfrenta-lo, ao inferir que ele é Battousai a quem são atribuídas diversas mortes recentes. Após convence-la do contrário ele ainda a salva de Jin-E Udou, assassino a mando de Kanryuu Takaeda, rico contrabandista, para resgatar Megumi Takana conhecedora do processo de fabricação de ópio. Ao desvendar que aquele andarilho é realmente o velho retalhador, Jin-E e Kanryuu, travam batalha árdua para fazer Kenshin voltar a sua vida de Hitokiri Battousai e assim trabalhar para o contrabandista. Assim a trama se desenvolve na captura do verdadeiro assassino por trás das mortes que aterrorizam a cidade, na tentativa de fazer Kenshin voltar a ser o assassino retalhador e na busca desenfreada do 'mega' traficante atrás de sua ‘formula ambulante‘ de ópio. 




O diretor Keishin Ohtomo sustenta a trama com muita habilidade e segurança, apoiando-se sobre um elenco correto, apesar de uma certa falta de expressão de Sato Takeru (Kenshin) em boa parte do filme. A favor do filme também contam as cenas de lutas com espadas. Extremamente bem coreografadas, impressionam pela agilidade. Com uma belíssima fotografia, edição refinada que equilibra ação e drama e roteiro bem escrito, a história se desenrola muito bem e acaba compensando uma trilha sonora repetitiva e pouco criativa, bem aquém do que se esperava. Marca em filmes com temática oriental, o figurino revela outro ponto alto, posto o seu cuidado na caracterização dos personagens tentando se aproximar ao máximo do mangá. 

Infelizmente os fãs brasileiros só poderão conferir Rurouni Kenshin ou Samurai X em suas casas. Apesar da bilheteira proporcionada no Japão, distribuidoras não se comoveram e o filme sai em terras tupiniquins apenas em DVD e Bluray. Uma pena.






Nota: 8