quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Django Livre (Django Unchained, 2013)

Quentin Tarantino é dono de uma biografia quase impecável. Excetuando-se ‘Jackie Brown’ de 1997, seus filmes sempre renderam comentários positivos de crítica e público além de razoável recepção nos cinemas. O diretor chamou a atenção de Hollywood com ‘Cães de Aluguel’ já em 1992 mostrando seu estilo visceral e todo o seu domínio sobre a história e atores. Apenas dois anos depois estabeleceu seu nome com o cultuado ‘Pulp Fiction’ que foi indicado a sete Oscars, incluindo Melhor Filme, sendo premiado com a estatueta de Melhor Roteiro Original (Tarantino e Avary). No mesmo ano de 94 surpreende o mundo levando a Palma de Ouro no Festival de Cannes. ‘Pulp Fiction’ também foi responsável por trazer do ‘mundo dos mortos’ o esquecido John Travolta que por este filme foi indicado aos mais prestigiados prêmios do cinema (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, etc). O começo dos anos 2000 começou à todo vapor para Tarantino com dois filmes da moça de roupa amarela. 'Kill Bill' volume 1 e 2 realizaram um sonho do diretor de levar às telas uma homenagem à antigos filmes asiáticos de kung-fu. Há três anos Tarantino fez aquela que é considerada sua obra prima. ‘Bastardos Inglórios’ foi unanimidade e se seu novo filme não supera o antecessor tem atributos suficientes para rivalizar com suas melhores produções e nos mostra um Tarantino mais maduro abordando um assunto espinhoso dentro da história americana, a escravidão.


Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com

O filme conta a história do escravo Django (Jamie Foxx) que é liberto pelo caçador de recompensa King Schultz (Christoph Waltz) em troca de ajuda para captura de três procurados pela justiça. Schultz e Django se tornam amigos e após alguns outros trabalhos partem para o Mississipi a fim de resgatar a esposa de Django, Broomhilda (Kerry Washington) comprada por Calvin Candie (Leonardo di Caprio) um dos mais ricos e cruéis donos de escravos. Para atrapalhar Django e Schultz, além dos capangas de Candie irão encontrar o racista Stephen, (Samuel L. Jackson, impecável).

Tarantino a muito pretendia escrever um western spaghetti e durante a divulgação de Bastardos no Japão esboçou as primeiras cenas do filme após ter visto uma série de DVDs e escutados trilhas sonoras de westerns. E esta inspiração rendeu algumas homenagens a começar pelo nome Django que é de um filme homônimo de 1966. O intérprete do original, Franco Nero, faz inclusive uma ponta no filme de Tarantino, como dono de escravo, na primeira aparição de Leonardo di Caprio. Outra referência (ou homenagem) é a traquitana utilizada por Schultz que pode ser facilmente tida como tirada de ‘Taxi Driver‘, no entanto o mesmo equipamento aparece em Sabata, um western de 1969.

Com relação ao roteiro, é característica do diretor ir contra qualquer regra. Normalmente ao se escrever um roteiro o seu desenvolvedor tem de saber de antemão como irá terminar a história para que os desenvolvimento dos caminhos dos personagens tenham um objetivo. Essa ‘regra‘ pode ser vista em qualquer manual de roteiro. No entanto Tarantino desenvolve suas histórias sem estabelecer um final previamente, deixando assim a história se desenvolver e ‘encontrar‘ seu final e assim foi com Django e como seus demais filmes, a história não apresenta arestas ou personagens mal desenvolvidos.


Fonte: http://cdn-media.hollywood.com
Com uma boa mão para elenco, Tarantino consegue extrair ótimas interpretações com especial destaque para Christoph Waltz. Quem curtiu seu nazista em Bastardos vai adorar seu papel em Django. A ironia e a inteligência estão de volta e os seus diálogos mais impagáveis que nunca, sem dúvida sua atuação é uma das melhores coisas do filme juntamente com a trilha sonora eclética que mistura rap, rock e até música italiana. O único 'senão' do filme pode ser sua extensão  Uns 15 minutos a menos lhe fariam muito bem. Seu bem desenvolvido enredo, recheado de violência, sangue e ironia faz de Django não apenas uma bela homenagem ao gênero, mas um grande filme bem ao estilo Tarantino de ser.


Fonte: http://oglobo.globo.com

Nota: 9

Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson, Jonah Hill e Walton Goggins.

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