segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Palhaço (Brasil, 2011. Direção: Selton Mello)

O segundo longa de Selton Mello na direção, reforça seu talento e comprova a delicadeza na condução da história e no trabalho com os atores o que nem sempre - ou deveria dizer, na maioria das vezes, não é uma tarefa fácil.

Neste, porém Mello oferece ares mais otimistas do que em sua anterior incursão por de trás das câmeras com o longa 'Feliz Natal' (também fez o curta 'Quando o Tempo Cair'). A história traça a redenção de um palhaço que se encontra em um ‘hiato’ profissional no qual questiona não somente seu desempenho como também sua vida nômade, inerente aos mambembes. Realidade esta que é muito bem pintada pelo filme através das viagens e dificuldades enfrentadas pelos artistas de circo.

A segurança com que controla a película se faz presente tanto nos momentos cômicos (dos mais sutis aos escancarados) assim como nos dramáticos que equilibram o filme e lhe confere uma leveza, porém sem perder o tom autoral e artístico. É como se fosse um mini-clássico com clima de sessão da tarde. Gostoso de assistir.

E como dito lá em cima, também chama atenção o cuidado com os atores. Neste sentido, Selton Mello se aproxima de um diretor rodado tal a sua capacidade de extrair inspiradas interpretações de todos no filme, desde aqueles com pequenas participações, como o impagável delegado interpretado por Moacir Franco ou mesmo a ponta de Ferrugem como um servidor público, chegando aos atores principais com destaque para Paulo José que brilha em cada cena e emociona pela força de vontade que substitui a vivacidade prejudicada por sua doença. Doença que em apenas um momento se torna evidente em todo os noventa minutos do filme.

O único ponto de ressalva é sobre o contraponto vivido pelo palhaço do título, quando este opta pelo mundo ‘normal’. Não que tenha sido mal executado, mas podia ter sido estendido, prolongado, o que resultaria em uma maior contradição e evidenciaria aos espectadores a dificuldade de adaptação do artista ao mundo burocrático nosso de cada dia. Não compromete o ótimo resultado final, mas deixaria o filme mais redondo.


Com estes cartões de visita, Selton Mello pavimenta um bom caminho como diretor que poderá levá-lo a ótimos resultados futuros.


Nota: 8,5

http://cinemotel.wordpress.com/2011/09/21/selton-mello-o-palhaco/

http://oglobo.globo.com/fotos/2011/11/08/08_MHG_palhaco.jpg

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