segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 - Os Vencedores






Listagem completa dos vencedores

Filme
"Argo"

Ator
Daniel Day-Lewis ("Lincoln")


Atriz
Jennifer Lawrence ("O lado bom da vida")

Diretor
Ang Lee ("As aventuras de Pi")

Ator coadjuvante
Christoph Waltz ("Django livre")

Atriz coadjuvante
Anne Hathaway ("Os miseráveis")

Roteiro original
Quentin Tarantino ("Django livre")

Roteiro adaptado
Chris Terrio ("Argo")

Filme estrangeiro
"Amor" (Áustria)

Animação
"Valente"

Curta-metragem de animação
"Paperman"

Edição
"Argo"

Fotografia
"As aventuras de Pi"

Efeitos visuais
"As aventuras de Pi"

Figurino
"Anna Karenina"

Maquiagem e cabelo
"Os miseráveis"

Canção original
"Skyfall", de "007 - Operação Skyfall" – Adele (música e letra)

Trilha sonora original
Mychael Danna ("As aventuras de Pi")

Mixagem de som
"Os miseráveis"

Edição de som
"007 – Operação Skyfall"
"A hora mais escura"

Design de produção
"Lincoln"

Melhor curta-metragem
"Curfew"

Documentário em longa-metragem
"Searching for Sugar Man"

Documentário em curta-metragem
"Inocente"


As maiores injustiças foram: 

Design de produção que foi para "Lincoln" e merecia ter premiado a ousadia de "Anna Karenina".

Fotografia que foi para "Aventuras de Pi". É muio complicado analisar a fotografia de um filme cuja parte que realmente importa fora feito 80 à 90% em computador, no qual ângulos luzes e filtros estão ao alcance do mouse. O trabalho de Janusz Kamiński em "Lincoln" é primoroso.

Curta-metragem de animação com "Paperman". "Head Over Heels" que ganhou o Anima Mundi é anos luz melhor tanto em técnica como na história, mas prevaleceu a força da Disney. 

Diretor para Ang Lee ("As aventuras de Pi"). Nada contra o trabalho de Lee, mas "Lincoln" deve ter sido um desafio muito mais à altura de uma estatueta do que um filme gravado em uma piscina.


Contagem final 

"As Aventuras de Pi" - 4 Oscar

"Os Miseráveis" - 3 Oscar

"Argo" - 3 Oscar

"Lincoln" - 2 Oscar

"007 – Operação Skyfall" - 2 Oscar

"Django Livre" - 2 Oscar

"A hora mais escura" - 1 Oscar

"Anna Karenina" - 1 Oscar

"O lado bom da vida" - 1 Oscar

domingo, 24 de fevereiro de 2013

85ª Cerimônia do Oscar

Cerimônia do Oscar chegando é hora de fazer as apostas. 


Sensacional cartaz do Oscar onde cada estatueta
representa o filme ganhador do prêmio de melhor filme
nas 84 edições anteriores. Pode ser visto em melho definiçã do link: http://media.nbcbayarea.com/images/85oscarsposter.jpg



Melhor filme
Argo
Django Livre
As Aventuras de Pi
Lincoln
A Hora Mais Escura
Os Miseráveis
O Lado Bom da Vida
Indomável Sonhadora
Amor

'Argo' ganhou todos os prêmios possíveis na temporada pré-Oscar, sua derrota soará como surpresa ou mesmo covardia da academia em assumir temas espinhosos. Lincoln seria uma uma segunda opção. Um terceiro filme é muito difícil.

Melhor ator
Daniel Day-Lewis - Lincoln
Joaquin Phoenix - O Mestre
Denzel Washington - O Voo
Bradley Cooper - O Lado Bom da Vida
Hugh Jackman - Os Miseráveis

Não há como Daniel Day-Lewis perder.

Melhor atriz
Jessica Chastain -A Hora Mais Escura
Naomi Watts - O Impossível
Jennifer Lawrence - O Lado Bom da Vida
Emmanuellle Riva -Amor
Quvenzhané Wallis - Indomável Sonhadora

O favoritismo é claro à Jennifer Lawrence mas a academia pode fazer história premiando Wallis. 

Melhor ator coadjuvante
Alan Arkin - Argo
Philip Seymour Hoffman - O Mestre
Tommy Lee Jones - Lincoln
Christoph Waltz - Django Livre
Robert De Niro - O Lado Bom da Vida

O que pesa para Waltz é o fato de já ter ganho a estatueta por um filme recente de Tarantino, o que pode dar o prêmio à Tommy Lee-Jones que está excepcional em Lincoln.

Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams - O Mestre
Sally Field - Lincoln
Anne Hathaway - Os Miseráveis
Helen Hunt - As Sessões
Jacki Weaver - O Lado Bom da Vida

Favoritismo total de Anne Hathaway.

Melhor diretor
Ang Lee - As Aventuras de Pi
Steven Spielberg - Lincoln
Michael Haneke - Amor
David O. Russell - O Lado Bom da Vida
Benh Zeitlin - Indomável Sonhadora

Sem Ben Affleck para atrapalhar Spielberg caminha para sua terceira estatueta.

Melhor roteiro original
Mark Boal - A Hora Mais Escura
Quentin Tarantino - Django Livre
Michael Haneke - Amor
Wes Anderson, Roman Coppola - Moonrise Kingdom
John Gatins - O Voo

Por ser estrangeiro 'Amor' acaba perdendo espaço para o western de Tarantino. 

Melhor roteiro adaptado
Chris Terrio - Argo
Lucy Alibar, Benh Zeitlin - Indomável Sonhadora
David Magee - As Aventuras de Pi
Tony Kushner -  Lincoln
David O. Russell - O Lado Bom da Vida

Aposta fácil em 'Argo'.

Melhor filme em língua estrangeira
Amor (Áustria)
A Royal Affair (Dinamarca)
Kon-Tiki (Noruega)
No (Chile)
War Witch (Canadá)

Aposta fácil em 'Amor'.

Melhor longa animado
Valente
Frankenweenie
Detona Ralph
ParaNorman
Piratas Pirados!

Apesar de ter pedido no Globo de Ouro, 'Detona Ralph' desponta como favorito.

Melhor trilha sonora original
Dario Marianelli - Anna Karenina
Alexandre Desplat - Argo
Mychael Danna - As Aventuras de Pi
John Williams - Lincoln
Thomas Newman - 007 - Operação Skyfall

Sem favoritos pode acabar indo para a figurinha fácil em indicações John Williams.

Melhor canção original
"Before My Time" - Chasing Ice
"Everybody Needs A Best Friend" - Ted
"Pi's Lullaby" - As Aventuras de Pi
"Skyfall"- 007 - Operação Skyfall
"Suddenly" - Os Miseráveis

Será que alguém tira o favoritismo e carisma de Adelle?

Melhores efeitos visuais
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
As Aventuras de Pi
Os Vingadores
Prometheus
Branca de Neve e o Caçador

Escolha segura, 'O Hobbit' é favorito.

Melhor maquiagem
Hitchcock
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
Os Miseráveis

Novamente 'O Hobbit' é uma escolha segura.

Melhor fotografia
Anna Karenina
Django Livre
As Aventuras de Pi
Lincoln
007 - Operação Skyfall

O trabalho de Janusz Kamiński é primoroso em Lincoln.

Melhor figurino
Anna Karenina
Os Miseráveis
Lincoln
Espelho, Espelho Meu
Branca de Neve e o Caçador

A academia adora figurinos de época e 'Os Miseráveis' acaba superando os demais pelo seu minimalismo.

Melhor direção de arte
Anna Karenina
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
Os Miseráveis
As Aventuras de Pi
Lincoln

Em um mundo justo a ousadia de 'Anna Karenina' deveria ser premiada, mas 'Os Miseráveis pode levar mais um estatueta.


Melhor montagem
Argo
As Aventuras de Pi
Lincoln
O Lado Bom da Vida
A Hora Mais Escura

Mais que merecida, a estatueta deve ficar com 'Argo'.

Melhor curta animado
Adam and Dog
Fresh Guacamole
Head over Heels
Maggie Simpson in "The Longest Daycare"
Paperman

Toda torcida para 'Head Over Heels'. O ganhador do Anima Mundi é sensacional. A única ameaça é 'Paperman'.

Melhor edição de som
Argo
Django Livre
As Aventuras de Pi
007 - Operação Skyfall
A Hora Mais Escura

Categoria demasiadamente técnica que premia os sons captados e/ou criados para o filme de modo isolado. Muito difícil apontar vencedor, mas se a noite for de Affleck pode ser que 'Argo' leve mais um, porém seria o prêmio de consolação para 'As Aventuras de Pi'.

Melhor mixagem de som
Argo
Os Miseráveis
As Aventuras de Pi
Lincoln
007 - Operação Skyfall

Agora a análise é sobre os sons em interação com o filme e sua edição. Novamente fica entre 'Argo' e 'As Aventuras de Pi'.

Melhor curta
Asad
Buzkashi Boys
Curfew
Death of a Shadow (Dood van een Schaduw)
Henry

Na base do chute: Asad.

Melhor documentário
5 Broken Cameras
The Gatekeepers
How to Survive a Plague
The Invisible War
Searching for Sugar Man

Na base do chutão: 5 Broken Cameras.

Melhor documentário de curta-metragem
Inocente
Kings Point
Mondays at Racine
Open Heart
Redemption

Na base do chutão com os olhos vendados: 5 Broken Cameras.

Contagem final: 
'Argo' - 3 à 5 Oscar.
'Lincoln' - 4 à 5 Oscar
'Os Miseráveis' - 2 à 3 Oscar
'As Aventuras de Pi' - 2 Oscar
'Amor' - 2 Oscar
'Anna Karenina' - 1 Oscar 
'O Lado Bom da Vida' - 1 Oscar 
'Indomável Sonhadora' - 1 Oscar



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Argo (Argo, 2013)

Ben Affleck mostrou à Hollywood que existia vida inteligente debaixo da fantasia de Demolidor (‘Demolidor: O Homem sem Medo’ de 2003), fiasco de crítica e público que praticamente encerrou com a 'carreira' do super-herói nos cinemas. George Clooney mostrou à Hollywood que existia vida inteligente debaixo da fantasia de Batman (‘Batman & Robin de 1997), fiasco psicodélico que quase encerrou a 'carreira' do super-herói nos cinemas. Juntas as duas cabeças pensantes, Affleck como diretor, produtor e ator e Clooney como produtor, produziram um dos maiores papa prêmios dos últimos anos. 'Argo' sagrou-se vencedor em todas as cerimônias pré Oscar. Ganhou o Globo de Ouro de Direção e Filme além do Screen Actors Guild of America de Melhor Elenco, Directors Guild of America (Melhor Direção), Producers Guild of America (Melhor Filme), Writers Guild of America (Melhor Roteiro Adaptado) e o Bafta, o oscar inglês, de Melhor Filme e Direção. 

Fonte: http://www.tvi24.iol.pt


Se hoje é considerado barbada para a estatueta de Melhor Filme, não é demais lembrar que na divulgação dos indicados ao Oscar, a película ainda não gozava de tanto prestígio. ‘Argo’ foi apenas o quarto filme em indicações (7 indicações) e Affleck não apareceu entre os cinco diretores que estarão amanhã, dia 24 de Fevereiro, no Kodak Theatre na Califórnia concorrendo ao Oscar de direção, deixando o caminho aberto para Spielberg levar seu terceiro carinha dourado pra casa (ganhou em 1992 por ‘A Lista de Schindler’ e em 2000 por ‘O Resgate do Soldado Ryan’).

O filme, baseado em fatos reais, conta a história do resgate de seis diplomatas americanos que se refugiaram na casa do embaixador canadense em Teerã (Irã), após a embaixada americana ter sido invadida por manifestantes, que reivindicavam a extradição de Mohammad Reza Pahlavi. ex governante do país. Pahlavi havia reassumido o poder do Irã em 1953 (assumira de 1941 até o 1951) depondo o primeiro-ministro democraticamente eleito Mohammad Mosaddeq, em um golpe patrocinado por Estados Unidos e Grã-Bretanha, motivados pelo controle petrolífero do Irã. Mosaddeq, em sua curta ‘empreitada’ promoveu a nacionalização da exploração do petróleo extinguindo a empresa Anglo-Iranian Oil Company. A ditadura de Xá Pahlavi espalhou o medo e a fome no país até 1979, quando a Revolução Islâmica (segunda fase da Revolução Iraniana) elevou ao poder o aiatolá Ruhollah Khomeini. 

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/

À época a CIA levantou diversas opções para resgatar os seis cidadãos americanos dando preferência a uma ação de inteligência à opção militarizada. De todas as ideias ruins, a ‘menos pior’ de todas era a de simular a realização de um filme de ficção científica que teria algumas locações no Irã. Para dar veracidade a história um escritório de uma falsa produtora de cinema foi criado; uma coletiva de imprensa com atores lendo o roteiro foi realizada; anúncios foram colocados em jornais e story boards foram desenhados. Tony Mendez (Ben Affleck), funcionário da CIA, criador da proposta do falso filme, ficou encarregado do resgate e viajando ao Irã contou com apenas dois dias para treinar os funcionários da embaixada em suas funções no suposto filme e convencer autoridades iranianas da história contada e trazer os diplomatas em segurança para o solo americano. 

O filme retrata desde a invasão à embaixada, apresentando uma boa reconstituição que por vezes lembra um documentário (ao final da projeção, junto com os créditos, essa qualidade pode ser ratificada), passa pelo treinamento e culmina com a fuga do país. A abertura se dá sob a forma de quadrinhos e claramente explicita os antecedentes à revolução que desencadeia a invasão à embaixada. Esse ‘prefácio’ faz um mea culpa americano para a crise implantada no país. Seu roteiro muito bem escrito e edição sem muita surpresa, mas primorosa, oferecem agilidade ao filme fazendo suas duas horas passarem levemente. Com a intenção de inserir o espectador na cena, a câmera está sempre dentro da ação. Com isso Affleck afasta seu filme do espetáculo o dando um tom mais intimista e essa ‘simplicidade’ revela a grandiosidade da história que tem em mãos. A competente fotografia e os bons figurinos colaboram para localizarmos a história no período correto. O elenco premiado no Screen Actors Guild está impecável, contudo é justamente Affleck que parece destoar do restante do grupo. Sua atuação causa estranheza, não passa grande emoção, revela certa frieza e distanciamento, apenas justificável se o verdadeiro Tony Mendez também fosse um tanto inexpressivo. Affleck assim transmite muito mais segurança e qualidade atrás do que na frente das câmeras. John Goodman (‘Além da Eternidade’) que interpreta John Chamberse e Alan Arkin (‘Pequena Miss Sunshine’) que faz Lester Siegel, eternos coadjuvantes de filmes bacanas, mais uma vez não decepcionam e convencem na pele de produtores, porém a qualidade do filme não se encontra em um ou outro ponto, mas sim na força de seu conjunto. 

Se o curso da história não for mudado e o filme for consagrado na noite de amanhã, ‘Argo’ repetirá o feito de ‘Quem Quer Ser um Milionário’ em 2009, que ganhou em todos os sindicatos além do Globo de Ouro. Nada mal para alguém que já passou vergonha em uma fantasia de couro vermelho com chifre. 


Fonte: http://upload.wikimedia.org/


Nota: 9

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Chris Terrio
Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston,Alan Arkin, John Goodman,Tate Donovan e Clea DuVall.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Lincoln (Lincoln, 2013)

Antes de mais nada é necessário situarmos que Lincoln não é filme de fácil leitura para quem não é íntimo da história americana. As situações, personagens e motivações não nos são (pelo menos em boa parte) de conhecimento amplo, o que torna a compreensão do enredo algo um tanto trabalhoso. A partir de uma hora de filme essa sensação incômoda de não estar entendendo quase nada tende a diminuir e o filme acaba engrenando.

Além de um tanto confuso à primeira vista, o enredo gera estranheza àqueles que não são ambientados à história estadunidense, mas que possuem certo discernimento quanto a política atual quando é passado ao público que o partido defensor da emenda número 13, que propunha o fim da escravidão, era o republicanos e esta combatida ferrenhamente por democratas. Algo bem curioso e surpreendente se considerarmos as características de ambos grupos hoje em dia.

Para realização do filme o diretor Spielberg e o roteirista Tony Kushner basearam-se no livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin e se concentram em 4 meses da vida de Lincoln focando seu trabalho para a aprovação da 13° emenda e as negociações para o armistício entre Sul e Norte. As estratégias por vezes escusas que perpassam o jogo político são bem explorados e jogados na tela sem muito filtro mostrando que corrupção e política caminham juntos desde de muito tempo e nas mais diversas nações. Também são trabalhados nos filme as relações pessoais de Lincoln com a esposa e os dois filhos.

Com um elenco afiado o filme caminha bem na sua metade final depois de uns 70 minutos iniciais bem arrastados. O papa prêmios deste ano, Daniel Day Lewis (‘Meu pé esquerdo‘) está estupidamente sensacional. Conhecido por performances plásticas que o exigiam física e mentalmente, não deixa por menos em ‘Lincoln‘. Com uma fina ironia, o seu Abrahan Lincoln desperta o apoio do espectador não só por seu nobre ato, mas pela pessoa que foi.




Outro ponto alto do filme é fotografia de Janusz Kaminski, companheiro de trabalho de Spielberg de longa data. As luzes e sombras são sensacionais e se a lógica acontecer em 24 de fevereiro, a estatueta de fotografia está garantida. O que parece que está longe de estar garantida, para não dizer completamente perdida, é a estatueta de Melhor Filme, considerando que a Academia nunca foi muito fã de Spielberg e que ‘Argo‘ abocanhou o Globo de Ouro de Direção e Filme além do Screen Actors Guild of America de Melhor Elenco, Directors Guild of America (Melhor Direção), Producers Guild of America (Melhor Filme) e Writers Guild of America (Melhor Roteiro Adaptado). Mesmo perdendo, ‘Lincoln‘ mantém seus méritos, apesar de não ser, como propuseram, a obra máxima de Spielberg.



Nota: 8

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner
Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Field e David Strathairn.

Django Livre (Django Unchained, 2013)

Quentin Tarantino é dono de uma biografia quase impecável. Excetuando-se ‘Jackie Brown’ de 1997, seus filmes sempre renderam comentários positivos de crítica e público além de razoável recepção nos cinemas. O diretor chamou a atenção de Hollywood com ‘Cães de Aluguel’ já em 1992 mostrando seu estilo visceral e todo o seu domínio sobre a história e atores. Apenas dois anos depois estabeleceu seu nome com o cultuado ‘Pulp Fiction’ que foi indicado a sete Oscars, incluindo Melhor Filme, sendo premiado com a estatueta de Melhor Roteiro Original (Tarantino e Avary). No mesmo ano de 94 surpreende o mundo levando a Palma de Ouro no Festival de Cannes. ‘Pulp Fiction’ também foi responsável por trazer do ‘mundo dos mortos’ o esquecido John Travolta que por este filme foi indicado aos mais prestigiados prêmios do cinema (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, etc). O começo dos anos 2000 começou à todo vapor para Tarantino com dois filmes da moça de roupa amarela. 'Kill Bill' volume 1 e 2 realizaram um sonho do diretor de levar às telas uma homenagem à antigos filmes asiáticos de kung-fu. Há três anos Tarantino fez aquela que é considerada sua obra prima. ‘Bastardos Inglórios’ foi unanimidade e se seu novo filme não supera o antecessor tem atributos suficientes para rivalizar com suas melhores produções e nos mostra um Tarantino mais maduro abordando um assunto espinhoso dentro da história americana, a escravidão.


Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com

O filme conta a história do escravo Django (Jamie Foxx) que é liberto pelo caçador de recompensa King Schultz (Christoph Waltz) em troca de ajuda para captura de três procurados pela justiça. Schultz e Django se tornam amigos e após alguns outros trabalhos partem para o Mississipi a fim de resgatar a esposa de Django, Broomhilda (Kerry Washington) comprada por Calvin Candie (Leonardo di Caprio) um dos mais ricos e cruéis donos de escravos. Para atrapalhar Django e Schultz, além dos capangas de Candie irão encontrar o racista Stephen, (Samuel L. Jackson, impecável).

Tarantino a muito pretendia escrever um western spaghetti e durante a divulgação de Bastardos no Japão esboçou as primeiras cenas do filme após ter visto uma série de DVDs e escutados trilhas sonoras de westerns. E esta inspiração rendeu algumas homenagens a começar pelo nome Django que é de um filme homônimo de 1966. O intérprete do original, Franco Nero, faz inclusive uma ponta no filme de Tarantino, como dono de escravo, na primeira aparição de Leonardo di Caprio. Outra referência (ou homenagem) é a traquitana utilizada por Schultz que pode ser facilmente tida como tirada de ‘Taxi Driver‘, no entanto o mesmo equipamento aparece em Sabata, um western de 1969.

Com relação ao roteiro, é característica do diretor ir contra qualquer regra. Normalmente ao se escrever um roteiro o seu desenvolvedor tem de saber de antemão como irá terminar a história para que os desenvolvimento dos caminhos dos personagens tenham um objetivo. Essa ‘regra‘ pode ser vista em qualquer manual de roteiro. No entanto Tarantino desenvolve suas histórias sem estabelecer um final previamente, deixando assim a história se desenvolver e ‘encontrar‘ seu final e assim foi com Django e como seus demais filmes, a história não apresenta arestas ou personagens mal desenvolvidos.


Fonte: http://cdn-media.hollywood.com
Com uma boa mão para elenco, Tarantino consegue extrair ótimas interpretações com especial destaque para Christoph Waltz. Quem curtiu seu nazista em Bastardos vai adorar seu papel em Django. A ironia e a inteligência estão de volta e os seus diálogos mais impagáveis que nunca, sem dúvida sua atuação é uma das melhores coisas do filme juntamente com a trilha sonora eclética que mistura rap, rock e até música italiana. O único 'senão' do filme pode ser sua extensão  Uns 15 minutos a menos lhe fariam muito bem. Seu bem desenvolvido enredo, recheado de violência, sangue e ironia faz de Django não apenas uma bela homenagem ao gênero, mas um grande filme bem ao estilo Tarantino de ser.


Fonte: http://oglobo.globo.com

Nota: 9

Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson, Jonah Hill e Walton Goggins.