sábado, 5 de março de 2011

Samba e Consciência. Parte 1 [ATUALIZADO]

Algumas vezes somos brindados com sambas de uma riqueza melódica ímpar. E por vezes essas letras trazem consigo um conteúdo histórico-político extraordinário.


Irei exibir aqui alguns destes exemplares.


Mangueira
1988
Cem Anos de Liberdade 
Hélio Turco, Jurandir e Alvinho

O negro samba, o negro joga a capoeira
ele é o rei na verde-rosa da mangueira

Será...
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão

Será...
Que a lei áurea tão sonhada
Há tanto tempo assinada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade

Onde está a liberdade
Onde está que ninguém viu

Moço
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso brasil

Pergunte ao criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela

Sonhei...
Que zumbi dos palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção

Senhor...
eis a luta do bem contra o mal...contra o mal
que tanto sangue derramou
contra o preconceito racial




Império Serrano 
1969
Heróis da Liberdade 
Silas de Oliveira / Mano Décio da Viola /Manoel Ferreira.

Passava noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia o fim da tirania

Lá em Vila Rica
Junto ao largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria, com sabedoria

Deu sua decisão
Com flores e alegria
Veio a abolição
A independência

Laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim

Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Essa brisa que a juventude afaga
Essa chama
Que o ódio não apaga pelo universo

É a evolução em sua legítima razão
Samba, ó samba
Tem a sua primazia
Em gozar de felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos heróis da liberdade


Ô, ô, ô, ô Liberdade senhor!







Em Cima da Hora 
1976
Os Sertões 
Edeor de Paula
  
Marcado pela própria natureza 
O Nordeste do meu Brasil 
Oh! solitário sertão 
De sofrimento e solidão

A terra é seca 
Mal se pode cultivar 
Morrem as plantas e foge o ar 
A vida é triste nesse lugar
  
Sertanejo é forte 
Supera miséria sem fim 
Sertanejo homem forte 
Dizia o Poeta assim

Foi no século passado 
No interior da Bahia 
O Homem revoltado com a sorte 
do mundo em que vivia

Ocultou-se no sertão 
espalhando a rebeldia 
Se revoltando contra a lei 
Que a sociedade oferecia
  
Os Jagunços lutaram 
Até o final 
Defendendo Canudos
Naquela Guerra fatal










Por solicitação de Leonardo, no orkut. 

Salamaleikum - A Epopéia dos Insubmissos Malês (1984)
G.R.E.S. Unidos da Tijuca (RJ)

Levei meu pensamento a bahia
Ao berço da poesia
Em busca de inspiração
Encontrei personagens realistas
Tidas como anarquistas
Pois queria um brasil mais irmão
De alá receberam ensinamentos
De olorum não se afastaram um só momento
Bravos malês
Negros que enchergaram as razões
E lutaram pela igualdade
Liberdade e justiça social
Salamaleikum elo forte triunfal

Se na veia corre sangue
Do senhor ou do plebeu
Desejavam dar ao próximo
O mesmo que queriam aos seus

Valia ouro valia prata
A inteligência e a cultura desta raça bis

Lá na África distante
Trouxeram o misticismo e a magia
Razões de mestres alufás
Usavam estratégia e ousadia
As revoltas se sucederam
Com luisa marri tito pé e nacif
A cidadania era o ideal dessas nações
Liberdade ou a morte
Se lançaram a sorte
Olhando o mundo como um jogo de xadres

Hoje eu sei vovó
Que não foi em vão
Apesar da nossa história não contar
Toda verdade do tempo da escravidão

3 comentários:

  1. Legal brother!!!

    Não sei como chegou ao meu blog, mais essa parte do carnaval é o que não considero "carnaval". Gostei do seu blog e obrigado pela "critica" ao meu texto. Grande abraço!

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  2. Cem anos de liberdade, da Mangueira, realmente me emociona até hj. Esta na minha listinha de sambas antigos q sempre "reescuto" nesta época do ano. Lindo demais... mais ainda na voz de Jamelao.

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  3. Alan,

    e nada mais atual do que o samba da são clemente 1990

    VEJAM SÓ!
    O JEITO QUE O SAMBA FICOU . . . E SAMBOU!
    NOSSO POVÃO FICOU FORA DA JOGADA,
    NEM LUGAR NA ARQUIBANCADA
    ELE TEM MAIS PRA FICAR


    ABRAM ESPAÇO NESTA PISTA
    E, POR FAVOR, NÃO INSISTAM
    EM SABER QUEM VEM AÍ!


    O MESTRE – SALA FOI PARAR EM OUTRA ESCOLA,
    CARREGADA POR “CARTOLAS”
    DO PODER DE QUEM DÁ MAIS
    E O PUXADOR VENDEU SEU PASSE NOVAMENTE
    QUEM DIRIA, MINHA GENTE?
    VEJAM O QUE O DINHEIRO FAZ!


    É FANTÁSTICO!
    VIROU HOLLYWOOD ISSO AQUI (ISSO AQUI)
    LUZES, CÂMERAS E SOM!
    MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ!

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